ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

24/Fev/2023

Boi: exportação de carne deve cair com “vaca louca”

Em menos de dois anos, o Brasil registra novo caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), mais conhecida como “mal da vaca louca”, desta vez, no Pará. Na quarta-feira (22/02), quando agentes do mercado ainda estavam à espera da confirmação da doença, o ritmo de comercialização esteve bastante lento. Em algumas regiões, praticamente não houve fechamento de negócios, sobretudo no Pará. Agora, com a recente confirmação, além de a liquidez interna seguir bastante lenta, um grande e forte impacto é a suspensão dos envios da carne bovina brasileira ao maior destino, a China, conforme indica protocolo sanitário oficial. Esse fato frustra as expectativas do setor nacional, que vinha registrando bom desempenho nas vendas externas nestas primeiras semanas de 2023. Em janeiro, o volume de carne bovina in natura exportado pelo Brasil somou 160,1 mil toneladas, um recorde para o mês, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Vale lembrar que, no início de setembro de 2021, dois casos atípicos do “mal da vaca louca” foram registrados em Mato Grosso e Minas Gerais. Nos meses seguintes (outubro/2021 e novembro/2021), como resultado da suspensão dos envios da carne a alguns destinos, como a China, as exportações brasileiras caíram com força. Naqueles meses, os embarques de carne bovina in natura somaram apenas pouco mais de 80 mil toneladas, bem abaixo dos volumes dos meses anteriores, que totalizaram mais de 180 mil toneladas. No mercado interno, os preços de negociação da arroba bovina recuaram com força em setembro e outubro de 2021. Isso porque, além de interromper as negociações de novos lotes, a suspensão dos envios à China interfere também nas escalas dos bovinos que já foram negociados com a finalidade de atender o mercado asiático. De modo geral, muitos agentes de frigoríficos, diante deste contexto, preferem ficar no aguardo da liberação da China para reagendar as escalas e efetuar novas compras.

Evidentemente, o ritmo de exportações a partir desta semana irá se reduzir, mas agentes do mercado esperam que a retomada das vendas ocorra o mais breve possível, seja pela negociação entre as autoridades brasileiras e o mercado internacional, seja pela dependência mundial em relação à carne brasileira. No entanto, diferentemente de 2021, quando o mercado registrava oferta enxuta de bois prontos para abate e os confinamentos atravessavam custos elevados de produção, em 2023, a cadeia apresenta maior disponibilidade de bovinos. A favor está o fato de que muitos ainda contam com boas condições do pasto, o que pode fazer com que parte dos pecuaristas mantenha os bois por mais um tempo no campo. Para os frigoríficos, em 2021, o Ministério da Agricultura permitiu que unidades congelassem e estocassem por um período mais longo carnes produzidas e com destino ao país asiático. Vale observar se haverá esse movimento também em 2023.

A carne que seria destinada à China até pode ser alocada a outros mercados estrangeiros, mas, ainda assim, o contexto deve gerar pressão sobre os valores de negociação da carne nos mercados atacadistas. Porém, assim como verificado em 2021, não na mesma intensidade que a pressão que pode ser registrada sobre os valores de negociação do boi gordo, devido à possibilidade de estocagem da proteína. Em um ano (de fevereiro/2022 a janeiro/2023), a China comprou, em média, 107 mil toneladas de carne bovina do Brasil, somando 1,28 milhão de toneladas nesse período, representando 56,11% do total embarcado pelo País. Em janeiro/2023, os envios ao país asiático somaram 98 mil toneladas, praticamente a mesma quantidade de dezembro/2022, mas expressivos 87,91% acima da de janeiro/2022. Como comparação, em 2021, de janeiro a setembro, os embarques para a China totalizaram 708 mil toneladas, o que representava 47,62% das vendas do Brasil de carne bovina. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.