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23/Fev/2023

Gripe Aviária: riscos para humanos ainda são baixos

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou na última semana que o risco para os seres humanos permanece baixo, mas acrescentou que não se pode presumir que continuará sendo o caso. Tal como acontece com o coronavírus que causa a Covid-19, que se acredita ter começado em animais antes de se espalhar para os humanos, alguns vírus de animais podem sofrer mutações, pular espécies para deixar os humanos doentes e se espalhar rapidamente pelo mundo. Mas, a gripe aviária altamente patogênica não é Covid-19. Os cientistas estão assegurando ao público que, com algumas raras exceções, o vírus não chegou aos humanos em uma escala grande o suficiente para desencadear um surto. Ele foi muito além das aves, e sua recente disseminação entre membros de uma espécie separada deixou alguns especialistas preocupados com a maneira como o vírus está mudando. A gripe aviária é um vírus influenza do tipo A que se originou em aves.

A versão que está causando problemas predominantemente nas Américas e na Europa é chamada de H5N1. Existem vários subtipos, e os vírus da gripe aviária H5N1 comumente em circulação agora são geneticamente diferentes das versões anteriores do vírus, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). Desde o fim de 2022, os cientistas detectaram esse vírus em mais de 100 espécies de aves selvagens como patos, gaivotas, gansos, falcões e corujas nos Estados Unidos. Globalmente, essa cepa do vírus existe há muito mais tempo, segundo o Centro Colaborador da OMS para Estudos sobre a Ecologia da Influenza em Animais e Aves. Observou-se uma espécie de tataravô do vírus no final dos anos 1990 no Sudeste da Ásia e sua evolução e mudança estão sendo acompanhadas desde então. Na década de 2000, ele se espalhou para partes da Europa e da África e depois foi levado para o resto do mundo por meio de aves migratórias infectadas.

Chegou às Américas mais recentemente. A primeira infecção com esta versão do vírus foi relatada em aves selvagens nos Estados Unidos em janeiro de 2022, de acordo com o CDC. No mês seguinte, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) anunciou um surto entre perus em uma instalação comercial. Estudos mostraram que a gripe aviária pode se espalhar para pássaros canoros, mas aqueles que normalmente se reúnem em comedouros (como cardeais, pardais ou gaios-azuis) e aqueles que podem ser vistor nas ruas, como pombos ou corvos, normalmente não carregam vírus da gripe aviária, que pode ser uma ameaça para os seres humanos. Patos e gansos podem transmitir o vírus sem parecerem doentes. As aves domésticas nem sempre têm tanta sorte. A gripe aviária altamente patogênica carrega taxas de mortalidade muito altas entre galinhas e perus. A doença pode afetar vários órgãos internos, causando a morte em 90% a 100% das galinhas dentro de 48 horas após a infecção, de acordo com o CDC.

Como pode se espalhar rapidamente, os criadores geralmente precisam abater as aves não infectadas junto com as infectadas para evitar um surto mais amplo. É considerada uma das maiores ameaças conhecidas às aves domésticas. Até o dia 15 de fevereiro, 6.111 casos foram detectados em aves selvagens em todos os 50 estados, informou o USDA. O vírus afetou mais de 58,3 milhões de aves em 47 estados. O grande volume de casos significa que o vírus tem mais chances de se espalhar para outras espécies. A gripe aviária se espalha de fezes e saliva. Também pode se espalhar através do contato com uma superfície contaminada. O vírus infectou muitos mamíferos nos Estado Unidos, principalmente no oeste e no centro-oeste, como parte do último surto. No Alasca, foram relatados casos entre ursos e raposas. O vírus também foi encontrado em um lince na Califórnia, um gambá no Colorado, um guaxinim em Washington, gambás em Illinois e Iowa, um leão da montanha e um urso pardo em Nebraska, focas no Maine e até mesmo um golfinho na Flórida.

No total, 17 espécies diferentes de animais foram infectadas em 20 estados. Os cientistas dizem que todos esses mamíferos doentes provavelmente pegaram o vírus quando comeram ou interagiram com aves infectadas. Mas, em um desenvolvimento preocupante no outono passado, o vírus parecia se espalhar entre mamíferos (talvez pela primeira vez) em uma fazenda de visons na Espanha, de acordo com um estudo publicado na revista Eurosurveillance. O vison ficou com o nariz sangrando, desenvolveu tremores, perdeu o apetite e parecia deprimido e teve que ser morto para manter a ameaça sob controle. O vírus não se espalhou para os humanos que trabalhavam na fazenda dos visons, mas o que preocupava os cientistas eram as múltiplas mutações encontradas no vírus que o tornavam distinto das sequências encontradas nas aves. Uma mutação tornou melhor a replicação em mamíferos, embora não esteja claro se a mutação estava no vírus antes de chegar à fazenda.

Mas, quando começa a se espalhar de um mamífero para o próximo mamífero para o próximo mamífero, é nesses ambientes onde é mais provável que ele pegue essas mudanças que permitem trocar de hospedeiro. Isso é preocupante. Houve menos de 10 casos conhecidos de gripe aviária em humanos desde dezembro de 2021, e nenhum veio da transmissão de humano para humano, segundo o CDC. O caso mais recente nos Estados Unidos foi em uma pessoa no Colorado que ficou doente depois de abater aves infectadas em abril. A agência disse na época que a ameaça à saúde pública continuava baixa, mas instou as pessoas que tiveram qualquer tipo de exposição a pássaros a tomarem precauções. As pessoas que normalmente ficam doentes são aqueles que têm interações muito intensas com a vida selvagem, viva ou morta, segundo o Centro de Infecção e Imunidade. Agora, é preciso observar como a doença se espalha. O vírus precisa ser contido em fazendas e na vida selvagem da melhor maneira possível.

Embora a ameaça para as pessoas seja baixa, o CDC sugere evitar o contato direto com aves selvagens. É seguro comer aves e ovos que são manuseados e cozidos adequadamente. A gripe aviária não é uma doença transmitida por alimentos, e a indústria avícola é monitorada de perto e tem rígidos padrões de saúde que incluem monitoramento e controle da gripe aviária. Aves e ovos devem ser cozidos a 75°C, uma temperatura que mata bactérias e vírus, incluindo o da gripe aviária. No caso altamente improvável de alguém ficar doente, o CDC recomenda o tratamento imediato. A maioria das infecções por gripe aviária pode ser tratada com os medicamentos antivirais atualmente disponíveis. O governo dos Estados Unidos também tem um estoque de vacinas, inclusive contra o vírus da gripe aviária, que poderia ser usado se a gripe se espalhar de pessoa para pessoa. Fonte: CNN Brasil. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.