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23/Fev/2023

Leite: preços do setor iniciam ano de 2023 em alta

O ano de 2023 começa de forma atípica para o setor lácteo nacional, sendo marcado por altas de preços ao longo de toda cadeia produtiva. Historicamente, o que se observa é desvalorização do leite no início do ano, por conta do aumento sazonal da produção, o qual, por sua vez, está atrelado à melhoria das pastagens, em decorrência de típicas chuvas da primavera e do verão. Contudo, neste início de 2023, verifica-se justamente o oposto: limitação da produção, em consequência do clima adverso, resultado do fenômeno La Niña. Na Região Sul, o avanço da entressafra, que seria normal nesta época do ano, foi intensificado, devido à forte estiagem, que reduziu a captação para além do esperado. Ao mesmo tempo, nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste que, sazonalmente, estariam passando pelo pico da safra, o excesso de chuvas tem prejudicado a produção.

O Índice de Captação Leiteira do Cepea (ICAP-L) recuou 0,15% de novembro para dezembro na “Média Brasil” (Bahia, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo). Nos Estados da Região Sul, houve retração média de 2%, ao passo que, nos Estados das Regiões Sudeste e Centro-Oeste, a alta foi de apenas 1%. Além da questão climática, é importante destacar que o estreitamento das margens dos produtores também tem reforçado a diminuição dos investimentos no campo. O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 0,68% em janeiro. Com a receita em queda desde agosto/2022 e os preços firmes dos insumos, especialmente da ração, o poder de compra do pecuarista tem diminuído, dificultando um incremento ou até mesmo a manutenção da oferta.

Nesse contexto, agentes de mercado relataram que a concorrência por fornecedores voltou a crescer ainda no final do ano passado. Isso enfraqueceu o movimento de queda nos preços ao produtor e, na “Média Brasil líquida” (Bahia, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo), o leite captado em dezembro fechou em R$ 2,52 por litro, recuo de apenas 0,8% em relação ao mês anterior, em termos reais. Com a produção limitada à campo, a média mensal do leite spot em Minas Gerais vem subindo desde a segunda quinzena de dezembro e registra alta de 22,4% na média de janeiro, quando chegou a R$ 2,81 por litro (valores deflacionados pelo IPCA de janeiro/2023). A valorização da matéria-prima resultou em aumento nos preços dos lácteos em janeiro.

Em janeiro, o preço médio do UHT subiu 4,2%, o da muçarela, 3,3% e o do leite em pó, 1%. Assim, a expectativa é de que os preços ao produtor possam registrar altas em janeiro, numa movimentação considerada precoce pelo setor, mas que se justifica pela diminuição da produção e pelo aumento da concorrência dos laticínios por fornecedores. É importante observar que a oferta interna limitada e o aumento dos preços ao longo de toda cadeia estimularam o aumento de 2,8% nas importações e a queda de 30,1% nas exportações de lácteos em janeiro. As compras externas, que vinham em queda desde outubro, chegaram a 156,9 milhões de litros em equivalente leite, sendo 2,3 maior que o internalizado no mesmo período do ano passado. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.