ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

08/Fev/2023

Leite: raça girolando evoluindo na sustentabilidade

A maior eficiência na pecuária contribui para a redução de emissões de gases de efeito estufa, garantindo uma produção mais sustentável. No Brasil, um estudo feito pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, unidade Gado de Leite (Embrapa Gado de Leite) mostrou que a raça Girolando tem evoluído na sustentabilidade. Entre 2000 e 2018, houve aumento de 60% na produção de leite da raça, enquanto a emissão de metano apresentou redução de 40% no período estudado. A evolução é resultado de estudos cada vez mais avançados que permitem identificar características favoráveis dos bovinos e ajudam os criadores a investir de forma mais assertiva no melhoramento do rebanho. A raça Girolando tem o maior número de bovinos entre as raças leiteiras registradas do Brasil. Só em 2022, foram 93.551 registros efetuados, atingindo 2.131.370 registros acumulados no período de 1989 a 2022.

Minas Gerais concentra cerca de 50% dos criadores, somando 1.100 associados no Estado. De acordo com a Embrapa Gado de Leite, a raça (que responde por 80% do leite produzido no País) atende o conceito de “Vaca do futuro”. São vacas que causam menor impacto ambiental, têm maior eficiência na produção, são tolerantes às mudanças climáticas e contribuem para a redução na emissão de gases de efeito estufa. A Associação Brasileira dos Criadores de Girolando (Girolando) explica que, nos últimos anos, a entidade, em conjunto com a Embrapa, vem trabalhando muito a questão genética através do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG). O objetivo é produzir bovinos mais adaptados, o que favorece o ganho em produtividade.

Recentemente, foi sentida a necessidade da entidade estar mais próxima e apoiando a Embrapa no desenvolvimento de trabalhos que aumentem o volume de informações e de resultados voltados para o Girolando tanto em avaliações em campo como no melhoramento genético e na genômica. Inicialmente, o trabalho de avaliação genômica gerava resultado de apenas três características, que eram a produção de leite, o intervalo entre partos e a idade do primeiro parto. Em 2022, o estudo genômico passou a avaliar mais 15 características, que são importantes e que auxiliam na tomada de decisão do criador. Agora, em 2023, durante a Exposição Brasileira do Agronegócio do Leite (Megaleite), evento que ocorrerá em Belo Horizonte (MG), entre os dias 7 e 10 de junho, serão entregues mais 11 novas características, com índices produtivos e reprodutivos do rebanho.

A maior abrangência da avaliação genômica é considerada importante para identificar as melhores características dos bovinos e se torna também uma fonte de informações essenciais para que o criador possa investir e aprimorar o rebanho conforme a necessidade. O objetivo é tornar a produção mais eficiente e gerar produtos com melhor qualidade, o que pode garantir a sustentabilidade dos negócios. O trabalho feito pela associação não é só para associado. Na verdade, é um trabalho que faz para o produtor do Brasil. Hoje, cerca de 80% da produção nacional de leite são provenientes de vacas com algum grau de sangue ou cruzamento com Girolando. Estes estudos são importantes para todos. As pesquisas também avançam em outras áreas, como o estresse térmico, que impacta de forma negativa nos índices de produtividade.

De acordo com os dados da Embrapa, quando as vacas estão em estresse térmico podem deixar de produzir, em média, 1.000 quilos de leite, considerando uma lactação de 305 dias. Em casos de estresse térmico severo, as perdas produtivas superaram os 2.000 quilos de leite por lactação. São valores expressivos e que demonstram que uma vaca, em uma única lactação, pode deixar de produzir até 34%. Com os estudos, foi possível identificar touros mais resistentes ao calor. Também é possível avaliar vacas que produzem leite com maior teor de sólidos. Todo o trabalho auxilia o produtor para que ele tenha vacas mais produtivas, tenha ganhos na idade do primeiro parto, do volume de leite, da produção de leite com maior volume de sólidos, o que vai gerar mais rendimento na indústria.

Além de favorecer a produtividade e os resultados financeiros, os avanços conquistados através do melhoramento genético garantem uma produção sustentável, com maior eficiência no uso de recursos e emitindo menos gases que provocam o efeito estufa. A sustentabilidade tem uma importância muito grande. No País, o girolando tem crescido muito. Isso é resultado da grande adaptabilidade e versatilidade em diversas regiões e sistemas produtivos. Mesmo com as diferenças climáticas regionais muito grandes, a raça se adaptou bem a todos estes sistemas e, agora, com os estudos da Embrapa, é possível direcionar a questão do melhoramento conforme característica necessária.

Mesmo com os avanços e com a raça cada vez mais adaptada, o setor leiteiro enfrenta desafios. Nos últimos anos, o principal deles tem sido os aumentos generalizados dos custos de produção. Há muitas variações nos preços do leite. É um momento que requer atenção dos criadores em função do custo alto, principalmente, com os grãos. O sentido de todo o trabalho é conseguir dar viabilidade econômica ao sistema produtivo de leite. O melhoramento genético vem para dar sustentabilidade ao negócio. Fonte: Diário do Comércio. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.