ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

25/Jan/2023

Carnes: os desafios e as contribuições da indústria

O ano de 2022 foi de altos e baixos, mas de resultado final aquém da expectativa. Vários fatores contribuíram para este cenário, desde a instabilidade política interna do País até as incertezas econômicas e políticas globais. O cenário exige um olhar muito estratégico para as mudanças que tomam curso na produção mundial de alimentos, seja pelas restrições legais e/ou de sustentabilidade, seja pelas mudanças comportamentais nas gerações que entram no mercado consumidor, passando pela mudança na geopolítica agro global. Na palavra “mudança” se assentam as percepções futuras que já começaram a impactar o País e o setor em 2022. Trata-se de novos paradigmas na produção e nas relações comerciais. O mundo atingiu 8 bilhões de habitantes em novembro/2022. Neste contexto, há fome ou déficit alimentar relevante para quase 1 bilhão de pessoas. Há uma crise pós-Covid agravada por conflitos e/ou rupturas de relacionamento, que trouxeram inflação aos alimentos.

A complexidade deste ambiente, no final, pode trazer oportunidades ao Brasil. Afinal, se o mundo quer alimentos competitivos e com qualidade, o País pode atender. Se o mundo quer, somar a isso a sustentabilidade, o Brasil também pode atender. Basta resolver questões internas, comunicar melhor as competências e, fundamentalmente, descomplicar a vida do empreendedor brasileiro. Algumas questões internas e de curto prazo impediram um ano melhor. Por exemplo, a lenta recuperação do emprego e da economia, fato que não se limita ao Brasil, e tirou poder de compra do consumidor. Mesmo batendo recordes de exportações de aves em volume e valor, as margens não trouxeram ao setor resultados satisfatórios. Em suínos, foi um ano de uma lenta e insuficiente recuperação, perdendo em volumes e receita, mas reduzindo as perdas em margens. As exportações de aves cresceram +4,6% em volume (para 4,8 milhões de toneladas) e +27,4% em receitas (7,6 bilhões de dólares), mas as exportações de suínos decaíram -1,4% em volume (1,1 milhão de toneladas) e -2,6% em faturamento (2,5 bilhões de dólares).

Esses números regularam a oferta/demanda, impedindo perdas maiores. Mas, não foram suficientes para sustentar margens ao setor que permita otimismo de investimentos e/ou expansões. A notícia boa fica por conta do aumento no consumo per capita de suínos no Brasil, tendência que deve seguir dada a melhoria do mix de produção, apresentando novos produtos e oportunidade de consumo, alternativamente a outras proteínas. Sob a ótica de custos o cenário repetiu 2021, com a pressão contínua dos grãos e outros insumos. Foi um ano complexo que representa em seu fechamento muito do que esperamos para 2023. Importante registrar também, como fato relevante no período, que na superação da pandemia do novo coronavírus, as agroindústrias da proteína animal deram grande demonstração de eficiência na proteção das pessoas, especialmente aquelas que trabalham em frigoríficos, e cooperaram fortemente com as autoridades da saúde. O setor mostrou sua força, resiliência e capacidade de adaptação e aprendizado.

O agro, especialmente nas cadeias de produção de aves e suínos, é gerador de riqueza. O agro leva desenvolvimento do País para longe do litoral e/ou capitais. Onde estão fabricas e produtores, o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é significativamente superior. As cadeias operam sob absoluto rigor e compromisso com a preservação de florestas, de água e da vida natural. O setor ampliou o impacto positivo na vida das pessoas durante a pandemia. Investindo na saúde das cidades e regiões. No ambiente de produção, ampliou os cuidados com saúde. Na grave crise sanitária, o setor gerou empregos, seguiu produzindo alimentos ininterruptamente, cuidou de gente (direta e indiretamente) e ampliou os programas de sustentabilidade. São legados que ficam. O agro é motivo de orgulho do Brasil e dos brasileiros. Os colaboradores e produtores rurais entenderam que o agro não pode parar. Fonte: Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne). Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.