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25/Jan/2023

Ovos: Brasil pode elevar suas exportações em 2023

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a expectativa de queda na produção de ovos em vários países pode fazer o Brasil aumentar sua participação no mercado internacional. E sem prejudicar a oferta interna do produto, apesar das dificuldades da cadeia produtiva, principalmente com a alta dos custos de produção. A queda na oferta de ovos pelo mundo é causada, principalmente, pela epidemia de gripe aviária, que atingiu importantes polos de produção. Nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo, a doença já provocou a morte de milhões de aves selvagens e de planteis de granjas. Mais recentemente, atingiu países da América do Sul, o que levou o governo brasileiro e a própria indústria a pedirem reforço nas medidas de segurança nas unidades de produção. O Brasil nunca registrou casos de gripe aviária e o status sanitário do País é um diferencial competitivo que favorece a produção nacional. Toda essa situação faz com que haja uma possibilidade de diminuição da produção de ovos no mundo, de maneira geral.

O Brasil não possui essa enfermidade e pode se valer desse status sanitário para incrementar, eventualmente, suas exportações para países de valor agregado. Em 2022, o Brasil exportou 9,474 mil toneladas de ovos, aumento de 16,5% em comparação com 2021. A receita dos exportadores somou US$ 22,419 milhões, valor 24,2% superior na mesma comparação. O aumento das exportações foi importante para reduzir os efeitos da alta nos custos de produção. Milho e farelo de soja (que chegam a responder por 80% do custo total) subiram mais de 150% para o avicultor no Brasil, dificultando o fechamento das contas da atividade. O principal importador do ovo brasileiro em 2022 foram os Emirados Árabes Unidos, ainda que tenham diminuído em 35,6% o volume importado, para 4,453 mil toneladas. Quem se destacou, no entanto, foi o Catar, país sede da última Copa do Mundo, que importou 1,207 mil toneladas, alta de 127,8% no ano passado. Outro país que está entre os principais demandantes é o Japão.

Mesmo importando um volume 6,6% menor em 2022, foi o terceiro destino do produto, com 1,093 mil toneladas. Na semana passada, no entanto, o país reportou um caso de gripe aviária de alta patogenicidade à Organização Internacional de Saúde Animal (WOAH). O foco da doença levou à eliminação de 12,9 mil aves na granja afetada e em mais de 42 mil em outras duas, consideradas epidemiologicamente ligadas. Com a gripe aviária avançando pelo mundo e o Brasil livre da doença, a expectativa é não apenas a de, pelo menos, manter a presença em mercados de maior valor. Mas, também de conquistar novos destinos, como o México, um mercado recentemente aberto. Há uma série de destinos em que o setor está trabalhando com o governo brasileiro para acessar. Faz parte de um processo, não é de um dia para o outro. Essa eventual diminuição da produção mundial pode potencializar as exportações do Brasil, mudando, inclusive, o patamar das exportações nacionais.

As exportações de ovos devem aumentar até 10% em 2023, chegando a 11 mil toneladas. Mesmo em um cenário de redução de até 2% na produção nacional, que pode ficar em pouco mais de 51 bilhões de unidades. No entanto, a perspectiva de aumento nas exportações não fará faltar ovo no mercado interno. A projeção para 2023, inclusive, é de consumo per capita até 2,5% inferior ao de 2022, chegando a 235 ovos por habitante. O ovo ainda é uma proteína acessível e está presente em 98% dos lares do Brasil. No entanto, o preço do produto deve chegar mais elevado aos consumidores brasileiros. O aumento dos custos de produção ainda não foi totalmente repassado aos preços finais, o que ainda deixa espaço para aumentos. Não faltará ovo para o consumidor brasileiro. Eventualmente, ele deve ter que pagar um pouco mais para continuar havendo sustentabilidade nesse negócio. É melhor ter ovo, mesmo com um preço um pouco maior, do que faltar por conta de um descarte de galinhas.

Em 2022, o preço médio do ovo de galinha ao consumidor aumentou 18,45%, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Só em dezembro, a alta foi de 0,43% na média nacional. Para o produtor, o ano de 2023 começou com preços em baixa. Na semana entre os dias 9 e 13 de janeiro, o ovo branco valia R$ 133,42 por caixa de 30 dúzias, 10,48% a menos que na semana anterior. O ovo vermelho foi cotado, em média, a R$ 147,72 por caixa de 30 dúzias, queda de 5,4% na mesma comparação. Pelo menos até a segunda semana do mês, o cenário era de baixa procura, o que pressionou os preços (com base no município de Bastos - SP). Já na terceira semana de janeiro, houve uma reação, considerada atípica para esta época do ano. A oferta da proteína diminuiu, devido ao descarte das poedeiras mais velhas, enquanto a demanda aqueceu, elevando os preços já no início da terceira semana do mês e sustentando os valores nos dias posteriores. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.