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09/Jan/2023

Carnes: consumo interno deverá crescer em 2023

O eventual aumento do consumo de proteína de origem animal pelos brasileiros neste ano está condicionado aos esperados programas de aumento de renda e manutenção de auxílios governamentais do novo governo. A demanda por carnes está diretamente relacionada ao dinheiro que a população tem para gastar. A carne bovina, neste caso, seria a mais demandada. Assim como no mundo, incertezas econômicas ainda são ponto de atenção e, portanto, determinantes para o consumo. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve o Bolsa Família em R$ 600 e promete garantir aumento real do salário-mínimo. Apesar de o aumento do salário-mínimo seguir a inflação média, a inflação de alimentos é quase três vezes maior. Então se os salários são reajustados pela inflação e os alimentos sobem, em média, o dobro da inflação, não necessariamente irá se comer melhor.

A elasticidade de renda é fenomenal para o consumo de carne bovina e, com a melhora da renda da população, o consumo também aumentará. A oferta de carne bovina, que tem peso importante na composição dos preços, tende a ser maior em 2023, com a maior disponibilidade de animais prontos para o abate. A desvalorização do bezerro elevou o abate de fêmeas em 2022. Esse volume já tem aumentado bastante em relação aos últimos dois anos. Essa tendência deve continuar e contribuir para que os patamares médios de preços da proteína sejam menores já no primeiro semestre de 2023, em comparação com as cotações praticadas ao longo de 2022. Os preços menores da proteína vermelha tendem a contribuir para uma menor diferença da carne bovina em relação à carne de frango e à carne suína. Isso deve incrementar a competitividade da carne bovina no mercado doméstico.

Por conta desse cenário, o consumo per capita começará a se recuperar, podendo crescer 1,5% em 2023. Os preços da carne devem colaborar com esse cenário, bem como a perspectiva de aumento de renda. No varejo, as cotações devem recuar mais acentuadamente entre março e abril de 2023. Os supermercados ainda trabalham tentando obter o máximo de margem, com o preço dos cortes elevados. Assim como para a carne bovina, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) espera que o consumo per capita de carne de frango cresça 0,8% em 2023, podendo chegar a 45,5 Kg/ano. Para a carne suína, a expectativa é de crescimento de 3% para 18,5 Kg/ano. Durante a pandemia da Covid-19, o pagamento de auxílios permitiu que o consumo de proteínas fosse mantido. E esse novo aumento previsto dos auxílios e no salário-mínimo vai ajudar e impactar positivamente a demanda interna.

Assim como a queda no desemprego nos últimos meses já vinha se revelando positivamente ao consumo. E é algo que deverá ser mantido em 2023. O País já consome muita proteína. Da mesma forma, a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) estima que o consumo de carne suína se manterá elevado, mas que também dependerá de como a economia ficará daqui para frente. A perspectiva é que esse auxílio traga um consumo melhor. Sobre a oferta brasileira de carne suína, o setor ainda está com uma oferta elevada. Houve crescimento de 20% ao longo dos últimos cinco anos. As famílias que vivem com salário-mínimo ou com auxílios tiveram parte desse poder de compra corroído pela inflação que se acumula em torno dos alimentos. Então não necessariamente dar o voucher significa que a família terá poder de consumo maior, porque isso vai depender do preço dos alimentos.

Quanto menos a família ganha, mais se concentra os gastos em alimentos. A demanda externa pelas proteínas, que seguem firmes e robustas, podem também ter alguma contribuição sobre os preços das carnes em 2023. O assunto fiscal ocupa, até agora, maior espaço na pauta do novo governo. O problema fiscal veio de renúncias e de extensão de benefícios que foram feitos no período de campanha de 2022. Então esse é um risco doméstico que pode mexer com a taxa de câmbio. O aumento da incerteza da economia brasileira pode desvalorizar mais o Real. Nesta conjuntura, a desvalorização do Real potencializará as exportações, já que os produtos brasileiros ficam com preço relativamente mais baixos do que os preços de outros países. Por um lado, pode ser bom, porque aumentando a exportação melhora a balança comercial. Mas, por outro, isso gera mais inflação porque desabastece o mercado brasileiro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.