ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

15/Dez/2022

Boi: processo de mudanças na cadeia de pecuária

O processo de mudanças ocasionado na cadeia de pecuária de corte nos últimos cinco anos, iniciado com o maior abate de fêmeas entre 2018 e 2019, somado à maior demanda chinesa por carnes a partir de outubro de 2019 fizeram com que o setor buscasse elevar os investimentos em tecnologias (sobretudo em nutrição, genética, pastagem e sanidade). Como consequência, o que se observa atualmente é ganho de produtividade, que é evidenciado por números oficiais de abate de bovinos ao longo de 2022. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o volume de bovinos abatidos está crescendo ao longo deste ano e frente ao mesmo período de 2021. Chama atenção do setor pecuário nacional, ainda, a alta percentagem de abate de fêmeas (vacas adultas e novilhas) em 2022.

Esses números ajudam a entender a dinâmica dos preços da arroba ao longo deste ano. Vale lembrar que, no acumulado da parcial de 2022, o valor médio do boi gordo em São Paulo já recuou 9,4%, em termos reais (IGP-DI), passando para R$ 290,76 por arroba na média parcial de dezembro. No acumulado de janeiro a setembro, foram abatidos no Brasil 22,191 milhões de bovinos, 7,83% a mais que no mesmo período de 2021, mas 0,25% abaixo do de 2020 e 9,14% inferior ao de 2019. Assim, com exceção de 2021, o número atual é o menor para o período desde 2011 (quando 21,45 milhões de cabeças foram abatidas no Brasil). Quando analisado apenas o abate de fêmeas, verifica-se que, de janeiro a setembro de 2022, somou 8,439 milhões de cabeças (entre vacas e novilhas), representando 38,03% do total de bovinos abatidos no País.

O volume de fêmeas abatidas nos nove primeiros meses do ano ficou 15,84% acima do registrado no mesmo período de 2021, quando essa categoria representou 35,4% do total. Em 2019, o abate de fêmeas de janeiro a setembro atingiu 10,21 milhões de cabeças, correspondendo por 42,72% do total. Destaca-se que, de janeiro a setembro de 2022, o avanço no abate de vacas adultas foi de 14,99% frente ao mesmo período de 2021; no caso do abate de novilhas, o crescimento foi de 18,05% na mesma comparação. Aqui é importante ressaltar que a novilha é premiada em termos de preços pela qualidade e maciez da carne, assim como os custos mais elevados.

Analisando a série histórica dos abates de bovinos (machos e fêmeas) desde 1997, o abate de novilhas de janeiro a setembro de 2022 representou 10,76% do total, sendo a terceira maior participação, atrás apenas das registradas em 2019 e em 2020 (quando foram de 12,03% e de 11,24%, respectivamente). Como comparação, a participação média para esse período é de 7,4%, mostrando que o volume atual de novilhas abatidas frente ao total é elevado. Isso pode sinalizar uma mudança estrutural na cadeia em termos de oferta de bovinos, um maior uso de tecnologias no aperfeiçoamento da produção e redução do ciclo produtivo e reprodutivo. Além disso, agentes do setor relatam que frigoríficos que trabalham apenas com o mercado interno adquirem mais lotes de fêmeas porque são mais baratas que os machos. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.