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15/Dez/2022

Lácteos: Lactalis ampliando a presença no Brasil

Maior laticínio do mundo, a francesa Lactalis já vinha disputando a liderança do mercado brasileiro com a Nestlé. Estavam emparelhadas. Mas, a compra da DPA Brasil, uma joint venture entre a multinacional suíça e a neozelandesa Fonterra, anunciada pela Lactalis na segunda-feira (12/12), deverá desempatar o jogo. O movimento não só dá continuidade à estratégia da Lactalis, que vem expandindo sua atuação mundo afora por meio de fusões e aquisições, como é mais um passo para o que parece ser uma saída da Nestlé do segmento no País. Em 2019, a Nestlé passou o negócio local de leite longa vida para a Bela Vista. Em escala global, a Lactalis ultrapassou a Nestlé em 2020. Em 2021, distanciou-se um pouco mais da rival ao alcançar receita de US$ 26,7 bilhões no mundo.

Em 2021, a Nestlé faturou US$ 21 bilhões, segundo o ranking “Global Dairy Top 20”, do Rabobank. O Brasil é a quinta maior operação da Lactalis no mundo, logo atrás da Itália. As três primeiras são França, Estados Unidos e Canadá. No Brasil, o segmento de lácteos foi avaliado em R$ 119 bilhões em 2022 pela Euromonitor, com Lactalis e Nestlé com participações de quase 12% cada (11,7% e 11,6%, respectivamente). A Danone vem em terceiro, com 7%. Portanto, a aquisição da DPA parece ser o fiel da balança. A subsidiária brasileira da Lactalis não revela faturamento, mas a compra da DPA, que faturou perto de R$ 1,6 bilhão no ano passado, contribuirá para um aumento de pouco mais de 10% da receita da multinacional no País. A DPA tem uma rede forte de distribuição, duas fábricas e ótimos profissionais.

Um dos pontos fortes da compra é a extensão do portfólio. A DPA trará itens de maior valor agregado, reforçando o plano de reunir o maior número de marcas possível com diferentes posicionamentos de preços. Além disso, outro trunfo da aquisição é a capilaridade. A companhia reforçará sua presença na Região Nordeste, destacada como um mercado com potencial interessante, onde a empresa ainda é pouco desenvolvida. Existe uma distribuição boa para produtos secos, mas não ainda muito boa para os refrigerados. A rede da DPA, operação forte em iogurtes e bebidas lácteas, soma 95 mil clientes, enquanto a da Lactalis chega perto de 70 mil compradores. Possíveis sobreposições serão avaliadas após a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Já dona de Parmalat, Président, Poços de Caldas, Batavo, Itambé e Elegê, a Lactalis passa a ter sob o braço outras marcas, como Chambinho, Chamyto e Chandelle. Para essas três, os direitos de propriedade intelectual no país serão transferidos com a aquisição. O acordo também prevê uma licença de longo prazo para o uso de marcas da Nestlé, como Ninho, Neston, Molico e Nesfit, exclusivamente no segmento de lácteos refrigerados. A compra agrega duas fábricas, em Araras (SP) e Garanhuns (PE), à estrutura da multinacional. A companhia já tem 23 unidades industriais em oito Estados. A multi desembarcou no Brasil em 2014 e, pouco a pouco, escalou o mapa fazendo aquisições. Começou na Região Sul, até comprar a Itambé, de Minas Gerais, em 2019. No ano passado foi a vez da Cativa, no Paraná.

Um dos grandes desafios no País é a organização da base produtiva de leite cru, o que ocorrerá à medida que ganhem força os movimentos de concentração de mercado. Na Europa, os grandes atores têm pelo menos metade do mercado. A concentração contribui para a eficiência e a qualidade. Isso porque é necessário ter duas, três ou quatro companhias com dimensão suficiente de atuação para fazer investimentos. A organização da cadeia passa por investimentos em formação de produtores, na ampliação do rebanho e no desenvolvimento do transporte das fazendas à indústria, de modo a ter a menor contaminação possível do leite cru com o ambiente quando o produto chega na fábrica. A saída significativa de produtores da atividade em 2022 e a movimentação na área industrial não são surpresas para o setor, que passou pela intensificação desses processos neste ano devido à alta de custos, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.