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04/Nov/2022

Leite: China precisará elevar as suas importações

Enquanto a China mantém um crescimento no consumo de lácteos de mais de 1 litro/habitante/ano, o setor de produção primária tem dificuldade em manter o mesmo ritmo. Os produtores chineses têm os preços de matéria-prima mais altos do planeta, mas sendo o 3º maior país, possuem apenas 8% da área agrícola, solos contaminados com metais pesados e o esgotamento das camadas de acesso à água doce. O governo pode continuar subsidiando megaprojetos lácteos, importar vacas e manter um preço alto para o produtor, mas o limite será imposto pelos altos custos de produção acentuados pela importação de alimentos.

Com uma classe média crescente, equivalente a toda a população norte-americana, as preferências alimentares da população estão mudando de cereais para proteína animal, aumentando significativamente o consumo de carnes e laticínios. O governo local estabeleceu uma meta de consumo de 100 litros de equivalente em litros de leite/habitante/ano como ferramenta para melhorar a saúde da população e em 2021 com o pico histórico de produção de 38.000 milhões de litros, a China cobre apenas 26 litros/habitante/ano. Embora 100 litros/pessoa/ano pareça pouco comparado ao consumo argentino (190 litros), ou a recomendação de 160 litros da Organização Mundial da Saúde (OMS), a proposta quase dobra o consumo chinês atual.

Na década de 1980, o consumo chinês era de 5 litros/pessoa/ano para todos os conceitos, atualmente aproxima-se dos 50 litros e estabeleceu-se uma meta de 100 litros. Além disso, a cada ano que passa, a intolerância à lactose tradicional vai cedendo com a entrada de novas gerações de consumidores de leite (apesar de ser um país com baixo índice de aleitamento materno, a possibilidade trazida pela importação de fórmula láctea de qualidade permitiu que as avós fornecessem leite para crianças acentuou isso a partir de 2009). Nesse contexto, a possibilidade de autossuficiência de leite com produção própria torna-se utópica. Com um pouco de perspectiva, é preciso observar a evolução das importações nos últimos 22 anos. No século 20, as compras no exterior eram praticamente nulas.

Em 2008, com a adulteração do leite em pó com melamina (numa tentativa muito grosseira de melhorar a análise da proteína do leite que causou algumas mortes e 300.000 crianças afetadas com gravidade variável), a população voltou-se para os produtos importados, preferência que ainda subsiste. Depois a curva é marcadamente ascendente, com a queda de 2015 provocada por uma grande reestruturação da economia nacional e a do corrente ano de 2022 com a política Covid-zero com forte impacto na atividade econômica. Estima-se que a tendência de importação continuará ao longo do tempo, pois a China precisa de leite. Fonte: Dairylando. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.