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31/Out/2022

Carnes: as perspectivas para os mercados em 2023

A maior oferta de bois para abate deve enfraquecer os preços da carne bovina no atacado em 2023, após quase três anos de sustentação. A pressão, porém, será leve, pois as exportações ainda devem direcionar os preços internos. As cotações da carne de frango podem iniciar o ano, quando a demanda costuma cair por causa das férias escolares, mais baixas, mas o cenário é de preços firmes para a proteína. Para a carne suína, a perspectiva é de que os preços reajam, apesar de ainda seguirem enfraquecidos pela oferta ainda superior à demanda e exportações aquém do esperado pelo mercado. No mercado físico, a arroba do boi gordo está pressionada pelo fraco consumo da carne bovina no varejo, reflexo da queda da renda da população. No início do ano, o boi gordo beirava R$ 330,00 por arroba, e agora é negociado por cerca de R$ 275,00 por arroba, queda de mais de 16,6%. No atacado, o movimento também é de estabilidade, para leve queda, mas não na mesma proporção.

Em São Paulo, em janeiro, o traseiro do boi estava cotado em R$ 25,10 por Kg e hoje vale R$ 21,10 por Kg, recuo de 16%. A tendência é de que as cotações dos principais cortes se mantenham nos patamares médios dos últimos anos, variando entre R$ 20,00 por Kg e R$ 25,00 por Kg ao longo de 2023. No mercado futuro do boi gordo, referência para as negociações no mercado físico, os contratos também têm perdido valor. No início deste mês, a cotação do contrato com vencimento em outubro, o mais negociado, superava R$ 300,00 por arroba. Agora, beira os R$ 290,00 por arroba. O movimento reflete a cautela adotada pelo setor, após recuos nos preços pagos pela tonelada da carne bovina destinada ao mercado externo. Para efeito de comparação, dados preliminares da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que em setembro a tonelada da carne bovina estava em US$ 6 milhões por tonelada, mas na terceira semana de outubro a tonelada estava em US$ 5,89 milhões por tonelada, queda de 1,8%.

Isso pode contribuir para recuo ou leve diminuição nos preços dos principais cortes bovinos no próximo ano. No caso da carne de frango, a depender dos estoques da proteína nos supermercados, os preços podem ter queda expressiva nos primeiros meses do ano. O varejo costuma reforçar as compras de produtos natalinos e parte deste volume pode pressionar as cotações no verão. Para os demais meses, o quadro não deve se manter. No mercado internacional, o cenário é favorável para a carne de frango brasileira, como lembra a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). A inflação elevada nos países, somada ao custo de produção nos principais players produtores do Hemisfério Norte, tende a continuar limitando a oferta global. Além disso, a gripe aviária avança pela Europa e abre oportunidades ao Brasil. As expectativas para 2023 são positivas para as exportações, que devem crescer 5%. A produção está adequada à demanda e os custos de produção diminuíram nos últimos meses, apesar das incertezas que a guerra na Ucrânia traz para o cenário mundial de grãos.

A carne de frango continuará sendo a principal proteína na mesa do consumidor. Ela se mantém competitiva frente às outras carnes no mercado interno. E isso permanecerá ao longo do próximo ano. Em São Paulo, o preço médio do frango vivo em outubro está em R$ 5,53 por Kg, enquanto o frango inteiro é negociado a R$ 7,72 por Kg. A perspectiva indica que os preços seguirão nestes mesmos níveis ao longo do próximo ano. Quanto à carne suína, o ritmo acelerado de abates, para o descarte de matrizes, é fator de pressão para os preços. Apesar disso, deve haver um enxugamento da oferta excedente e preços um pouco mais sustentados no mercado doméstico, ainda em 2022, por causa das festas de fim de ano que costumam impulsionar a demanda pela proteína suína. Segundo avaliação do Itaú BBA, enquanto o ritmo de abates não diminui, o mercado deve seguir sem força suficiente para a equalização dos custos de produção. Isso porque, na suinocultura, o ajuste da oferta é lento e é importante que a cadeia se prepare para o período pós fim de ano, quando o consumo de carnes tende a ser mais fraco.

Em relação à demanda externa, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou, em relatório, que a demanda internacional da proteína no próximo ano deverá ser positiva. As exportações de carne suína do Brasil devem subir 3% em 2023, com embarques robustos para países da América do Sul e Sudeste Asiático, incluindo as Filipinas, onde a peste suína africana (PSA) restringe a produção. A China permanecerá como principal destino do produto brasileiro, apesar da perspectiva de que as importações caíram em virtude do aumento da oferta doméstica. De acordo com a ABPA, a conjuntura vai influenciar no escoamento da carne excedente do País e contribuir para melhores preços e retorno aos produtores. A expectativa é de que essa recuperação, com exportações superiores a 100 mil toneladas por mês, se mantenha ao longo do próximo ano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.