24/Out/2022
Os preços da carne bovina no mercado atacadista do País em 2023 devem seguir sustentados, com possibilidades de leves recuos. A demanda aquecida no mercado internacional tende a ser o principal fator de sustentação. A tendência é de que as cotações dos principais cortes se mantenham nos patamares dos últimos anos. Em contrapartida, a perspectiva de aumento da oferta de bovinos no mercado físico e o consumo interno ainda enfraquecido podem eventualmente puxar para baixo os preços. De toda forma, a demanda interna dependerá do poder de compra do brasileiro. A tendência é de que as cotações dos principais cortes se mantenham nos patamares médios dos últimos anos, variando entre R$ 20,00 por Kg e R$ 25,00 por Kg ao longo do ano.
Mesmo sendo destino de apenas 30% da produção brasileira de carne bovina, o mercado externo tem dado a direção aos preços do boi gordo. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) destaca o peso da China nesse comportamento: a China, que compra 54% de toda nossa produção embarcada ao mercado externo, deve seguir com aquisições robustas. Além disso, há também expectativa de crescimento na demanda de outros mercados. Quanto ao consumo interno, o Itaú BBA destaca o descompasso neste momento dos preços do boi gordo no físico com as cotações no atacado, o que sinalizaria espaço para um arrefecimento dos preços ao consumidor nos próximos meses. Neste momento, o boi gordo está mais desvalorizado do que no ano passado, mas esse movimento baixista não chegou no varejo.
No próximo ano, com o esperado aumento da oferta de bois terminados, a arroba pode cair abaixo da média deste ano. Mesmo com o otimismo com as exportações. A tendência de queda na inflação do País pode ajudar, em parte, o consumo de carne bovina. O consumo doméstico neste ano, mesmo aquém do esperado pelo setor produtivo, será maior que o observado nos últimos anos. Deve haver um incremento do consumo de 1,5% a 2% em 2022 ante 2021. Sobre uma possível tendência de retomada da demanda em meio ao cenário de alta na oferta, ressalta-se que tudo dependerá de como estará a renda do brasileiro em 2023. As projeções são de que o País terá um crescimento mais baixo em 2023.
A economia deverá ser mais fraca em virtude dos ajustes que o governo que sairá das urnas poderá fazer nas contas públicas, o que, por sua vez, pode frear a demanda pela proteína. Qualquer governo que assuma terá que trabalhar nessas questões. É um impacto de redução de demanda interna. Em geral, no começo dos governos é um momento de ajustes. O que vai determinar o consumo será a queda de preço no varejo. A tendência é para que se tenha recuo nos preços ao consumidor, mas terá o lado de renda. O que determina o aumento no consumo de carne bovina no País é a quantidade de oferta e menos os preços. Como no caso da carne suína, cujo setor trabalha com oferta excessiva e preços mais fracos na gôndola. Inevitavelmente, o brasileiro passou a consumir mais carne suína. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.