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20/Out/2022

Bancada Ruralista tenta destravar o 'Autocontrole'

A bancada ruralista vai concentrar esforços para tentar aprovar ainda neste ano o projeto de lei 1.293/2021, que estabelece o autocontrole da fiscalização agropecuária no País. Tema de divergências entre o setor produtivo, principalmente a indústria de proteínas animais, ONGs e o sindicato dos auditores fiscais federais (Anffa Sindical), a proposta está pronta para votação no plenário do Senado Federal, mas há um requerimento para que ela seja discutida na Comissão de Meio Ambiente, o que pode retardar a aprovação. Na primeira reunião após as eleições, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) recebeu o ministro da Agricultura, Marcos Montes, e o secretário de Defesa Agropecuária da Pasta, José Guilherme Leal, para discutir o assunto. Apesar de vislumbrar um cenário mais favorável ao agronegócio no Senado em 2023, a bancada e o Mapa querem aprovar o projeto do autocontrole no próximo mês para que a atual equipe de governo faça a regulamentação técnica do texto, considerado ponto-chave para o processo. Segundo o ministro, é uma grande modernização e uma desburocratização sem perder a qualidade.

Todo o processo de análise e acompanhamento da qualidade é feito pelo Ministério da Agricultura. O autocontrole é uma peça acessória para que a não se burocratize tanto a questão de avaliação dos produtos. Para Marcos Montes, o projeto é uma alternativa para suprir o atual déficit de fiscais federais agropecuários, que vai aumentar em virtude da aposentadoria de servidores, mas reforçou que busca autorização do Ministério da Economia para realizar novos concursos para a categoria. Maior exportador de soja do mundo, o Brasil tem poucos servidores formados em agronomia para atuar na área. Há poucos fiscais, e é preciso recompor o quadro. Muitas aposentadorias não são repostas. Com a aprovação do autocontrole, haverá mais pessoas preparadas, dispostas e liberadas para fazer análise com mais critério, conclui o ministro. Mas, mesmo se o autocontrole for aprovado, há necessidade de contratação de ao menos 500 auditores fiscais. O Mapa está pronto para regulamentar o autocontrole assim que ele for aprovado. A Pasta considera que o projeto é bom e terá reflexos positivos no setor privado e na sociedade.

O sistema de fiscalização por autocontrole exige que o setor produtivo envie dados e informações ao Ministério da Agricultura por meio de sistemas informatizados. As indústrias são auditadas pelos servidores da Pasta. Os auditores, porém, temem a perda de funções e alegam tentativa de terceirização de suas atribuições, o que é negado pelo governo. A FPA afirmou que o setor enfrentou dificuldades no Senado, mas que o projeto não flexibiliza a análise da sanidade dos alimentos. Segundo o Anffa Sindical, o projeto prevê mais do que o autocontrole. A Secretaria de Defesa Agropecuária utiliza o autocontrole desde a década de 70. No entanto, o PL 1.293/2021 vai além, ele propõe a autofiscalização. Não apenas o Anffa, mas dezenas de entidades que defendem o meio ambiente, o bem-estar animal e a saúde do consumidor, vêm lutando por um amplo debate sobre o projeto no Congresso Nacional, onde vem sendo aprovado a toque de caixa. Este é o posicionamento que os auditores defenderam, fundamentado em argumentos técnicos e em defesa do interesse público. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.