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03/Out/2022

Carne de frango deverá superar a bovina e a suína

Durante séculos, um delicioso churrasco tem sido o prato preferido dos seres humanos à medida que as sociedades enriqueciam e suas dietas melhoravam. Isso mudou. Até 2022, o consumo de frango deve chegar a 98 milhões de toneladas, o dobro do crescimento de 1999. Isso é mais que o triplo do crescimento da carne suína e 10 vezes maior do que a carne bovina, segundo dados do governo dos Estados Unidos. O consumo global de frango está a caminho de responder por 41% de todo o consumo de carne até 2030. E em menos de uma década, os humanos consumirão pela primeira vez muito mais frango do que qualquer outro tipo de proteína. Graças à genética e outras inovações, o custo da criação do frango caiu repetidamente ao longo dos anos. As aves modernas estão prontas para produção apenas seis semanas após a eclosão. Durante esse tempo, eles convertem prodigiosamente seus alimentos em proteínas como nenhum outro animal consegue.

Segundo a Purdue University, tem sido possível aumentar a quantidade de carne por ave e reduzir o tempo necessário para criá-las. A mudança para aves nas principais economias, do Brasil à China, está se acelerando à medida que a inflação torna a carne vermelha muito cara para mais pessoas em todo o mundo. O caos nas cadeias de abastecimento alimentar causado pela pandemia e pela guerra na Ucrânia só reforçou essa tendência. Há um lado ainda mais sombrio na ascensão do frango como produto. As aves agora podem ganhar peso tão rapidamente que seus órgãos e músculos não conseguem acompanhar, dificultando a permanência em pé. Surtos de gripe aviária, como os que afetaram recentemente os Estados Unidos, são maiores e mais graves devido ao aumento do uso de métodos de produção industrial. Segundo a Proterra Asia, uma empresa de private equity que investe na indústria de alimentos, o custo de produção em relação à produção total de aves provavelmente caiu para um terço do que era há 30 anos.

Os criadores ainda não descobriram como fazer o mesmo com outros animais. A demanda está aumentando tão rapidamente que os produtores não conseguem acompanhar, causando escassez. Os restaurantes norte-americanos competem por suprimentos. A rede de frangos Wingstop Inc. diz que quer comprar uma planta de processamento, o que a tornaria a primeira grande operadora de restaurantes dos Estados Unidos a se aventurar tão profundamente na cadeia de suprimentos. A Layne's Chicken Fingers, uma rede do Texas que vende apenas frango frito, foi abandonada por seu maior fornecedor de aves no ano passado porque não tinha produto suficiente. A única fonte alternativa encontrada cobrava quase o dobro do preço. Na Ásia, o frango está substituindo a carne suína, tradicional das celebrações e culinária diária, à medida que os consumidores mais jovens adotam a visão Ocidental de que a carne branca é mais saudável. Na China, alguns restaurantes não servem mais carne suína, uma prática impensável há alguns anos.

Os brasileiros também estão consumindo mais frango este ano, já que a inflação coloca a carne bovina fora do alcance de milhões de pessoas. O País, maior exportador de aves do mundo, está aumentando a produção em 4,5%, atingindo novos recordes. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as empresas estão agregando linhas de produção, turnos e melhorias de processos. Como o frango cresce rápido, as aves são mais ecológicas do que a carne bovina, que é cada vez mais criticada pelas enormes emissões de gases de efeito estufa da criação de gado. Algumas empresas estão se voltando para as aves para contribuir com seus objetivos verdes. A Panera Bread Co. acaba de anunciar o Cool Food Meals, um cardápio de frango orgânico desenvolvido pela ONG World Resources Institute (WRI). Faz parte dos esforços da Panera para remover mais carbono do ar do que emite até 2050.

A Aramark também se juntou ao desenvolvimento e venda de alimentos com menor pegada de carbono, juntamente com o negócio de serviços de alimentação da Nestlé. Mais de 200 empresas dizem que adotarão padrões mais saudáveis de criação de frangos até 2026. A pressão por refeições com baixo teor de carbono em grandes empresas, redes e universidades até agora se traduziu em uma queda de 16% nas emissões por prato, de acordo com o WRI, que criou o programa em 2019. Os consumidores não precisam abrir mão do sabor para serem responsáveis pelo clima, diz a Panera. As proteínas animais, na proporção e equilíbrio certos, são e podem ser ótimas. A produção industrial de frangos também cria problemas ambientais, pois as operações de alimentação intensiva concentram resíduos e criam problemas de odor. A soja, que faz parte do tecido industrial da avicultura, tem sido associada ao desmatamento na Amazônia.

Segundo o Centro de Pesquisa de Políticas Energéticas e Ambientais de Princeton, o crescimento da produção de frango gera muitas questões relacionadas ao bem-estar animal. Alguns produtores de frango de crescimento lento e menos industrial veem uma maneira de criar aves que é melhor para o meio ambiente. Mais de 200 empresas, incluindo Popeyes Louisiana Kitchen e Chipotle Mexican Grill, dizem que adotarão padrões mais saudáveis de criação de frangos até 2026. A Cooks Venture, uma empresa de frangos que usa métodos agrícolas para sequestrar mais carbono no solo, diz que o sabor continua sendo a primeira consideração para os consumidores. Por isso, a empresa insiste nesse aspecto da avicultura, argumentando que suas aves mais densamente musculosas são mais saborosas do que a variedade industrial. Fonte: Apertura. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.