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25/Ago/2022

Boi: queda no poder de compra frente aos insumos

Apesar de as cotações do milho e do farelo de soja operarem em patamares inferiores aos registrados ao longo do primeiro semestre deste ano, o atual poder de compra de pecuaristas frente a esses importantes insumos de alimentação registra queda frente ao mês anterior. Esse cenário se deve ao recuo no preço do boi gordo. Considerando-se as médias da parcial de agosto, a venda de 1 arroba de boi gordo em São Paulo possibilita a compra de 15,26 Kg de milho ou de 8,02 Kg de farelo de soja (ambos negociados na região de Campinas - SP). Esses volumes são 3,63% e 2,6% inferiores às quantidades que eram possíveis de serem adquiridas no mês anterior.

Ressalta-se que a piora na relação de troca neste período do ano prejudica sobretudo o pecuarista-confinador para o segundo giro da atividade, com os bois saindo entre outubro e dezembro. No entanto, o mercado futuro de boi sinaliza aumento nas cotações do boi gordo, o que, por sua vez, pode melhorar a margem da atividade. Assim, quando feita uma análise que considera a venda do boi gordo em dezembro (ajustes de 23 de agosto) e os atuais valores dos insumos, a relação de troca de boi por milho chega a 8,52 Kg por arroba de boi gordo; e no caso do farelo, a 8,16 Kg por arroba de boi gordo. No geral, agentes do setor pecuário, fundamentados em estimativas indicando safra recorde, esperavam quedas nos preços do milho e, por sua vez, melhora no poder de compra em agosto.

No entanto, a desvalorização do boi gordo neste mês tem sido mais intensa que as variações observadas para o milho e para o farelo. Em agosto, o boi gordo registra média de R$ 313,57 por Kg, recuo de 3,34% frente à média do mês anterior. Quanto ao milho, é negociado na parcial de agosto à média de R$ 82,17 por saca de 60 Kg, leve aumento de 0,3% em relação a julho. No caso do farelo, a média está em torno R$ 2.605,00 por tonelada, leve baixa de 0,8% de julho para agosto. Agentes de frigoríficos indicam estar com as escalas um pouco mais alongadas, em muitos casos, em função da redução dos abates, por conta do fraco desempenho das vendas no mercado interno.

Esse cenário tem pressionado os valores de negociação. No mercado de milho, os preços estão em alta em boa parte das regiões em agosto, sustentados pela valorização do cereal nos portos e pelo intenso ritmo das exportações neste mês. Quanto ao farelo de soja, os valores estão enfraquecidos devido à diminuição das transações internacionais de soja, que resultou em maior volume de estoque, e às recentes chuvas no Hemisfério Norte, que beneficiaram as lavouras em desenvolvimento. Apesar da recente queda no poder de compra frente ao milho, na comparação anual, verifica-se melhora para o pecuarista.

Considerando-se as médias mensais deflacionadas, o poder de compra frente ao cereal aumentou quase 20%, o que se deve à desvalorização mais intensa do cereal neste período (de fortes -24%) em relação à observada para a arroba do boi gordo (de -9%). Em agosto do ano passado, era possível comprar apenas 12,8 Kg de milho com a venda de 1 arroba de boi gordo no mercado de São Paulo. Quanto ao farelo de soja, verifica-se piora na relação de troca também na comparação anual, de 11%. Em agosto do ano passado, a venda de 1 arroba de boi gordo permitia a compra de 9 Kg de farelo de soja, 1 Kg a mais que atualmente. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.