18/Ago/2022

Ainda que as exportações brasileiras de carne bovina sigam registrando volumes recordes, os preços do boi gordo para abate vêm operando em torno de R$ 300,00 por arroba. Além do fraco desempenho das vendas da proteína no mercado doméstico, esse cenário é resultado do crescimento na oferta de bovinos para abate. Dados preliminares divulgados neste mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram aumento de 4,07% no número de bovinos abatidos nos seis primeiros meses de 2022 frente ao mesmo período do ano passado, somando 14,28 milhões de bovinos. Esse volume está levemente abaixo do de janeiro a junho de 2020, em 2,71%, mas já indica uma recuperação, o que, por sua vez, é resultado de investimentos em tecnologia realizados por parte de pecuaristas, sobretudo em inseminação artificial.

Especificamente no segundo trimestre, dados do IBGE mostram que foram abatidas 7,32 milhões de cabeças, alta de 2,74% frente ao segundo semestre de 2021. Já quando desconsiderados os dados de 2021, o volume de bovinos abatidos de abril a junho de 2022 foi o menor desde 2011, quando somou 7,066 milhões. Comparando-se os dados do segundo trimestre do ano atual com os de 2020 e de 2019, observam-se retrações na quantidade abatida, de 1,09% e de 7,76%, respectivamente. Esse cenário confirma o momento que a cadeia pecuária nacional atravessa desde 2020, de restrição de oferta de bovinos no campo, seja pela questão de retenção de fêmeas, mas também pela condição de clima (seca dos pastos) e pelos custos elevados de alimentação para a engorda. Esse recente movimento de recuperação na quantidade de bois abatidos foi acompanhado também por um crescimento no peso total da carcaça.

Ainda segundo o IBGE, no primeiro semestre de 2022, foram contabilizadas 3,766 milhões de toneladas de carcaça bovina, número 4,08% maior que o do mesmo período de 2021 e 0,46% acima do de janeiro a junho de 2020. A quantidade de carne produzida por cabeça de boi teve média de 263,72 Kg por bovino no primeiro semestre de 2022, praticamente a mesma da registrada em 2021, de 263,71 Kg por bovino. Ainda assim, trata-se da maior média da história para o período, mostrando a tendência de se produzir mais carne por bovino nestes últimos anos. E esse movimento continua em 2022, mas com o volume maior de abates. Diante disso, a oferta fica mais elevada, pressionando um mercado ainda dependente do consumidor doméstico para absorver a maior parte da produção. Nos últimos dias, especificamente, muitas unidades de abate diminuíram a quantidade de bois abatidos e as escalas se alongaram, exercendo relativa pressão sobre as cotações da arroba do boi gordo. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.