ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

16/Ago/2022

Lácteos: cotações internacionais estão recuando

Com o consumo de lácteos em desaceleração no mundo, os preços estão cedendo no exterior, e o movimento pode ter impacto positivo, mesmo que limitado, para os importadores brasileiros. O preço médio de produtos recuou 5% em agosto, para US$ 3,9 mil por tonelada, na plataforma neozelandesa Global Dairy Trade (GDT), uma referência para as cotações internacionais do segmento. Foi a quarta queda consecutiva. O preço do leite em pó integral ficou em US$ 3,5 mil por tonelada na GDT neste mês, com queda de 6,1% em relação à rodada de negociações de julho. Os valores voltaram aos patamares praticados no início de 2021. Segundo o Rabobank, o produto seguia em forte alta desde o ano passado por causa da menor oferta por parte de países produtores.

A contração de oferta de leite no mundo ocorreu por três trimestres seguidos, algo que não se via há dez anos. O pico de preços ocorreu em março deste ano, quando o leite em pó esteve cotado a US$ 4,7 mil por tonelada. A tendência do GDT será refletida nas negociações de compra de importadores brasileiros, mas o “delay” pode variar entre um e três meses. O efeito não é imediato porque os brasileiros não costumam comprar diretamente dos neozelandeses, os maiores fornecedores globais, e da GDT. O Brasil importa da Argentina e do Uruguai, importantes exportadores, que já vêm praticando preços competitivos porque não há cobrança da tarifa externa comum (TEC), de 28%. Em algum momento, porém, devem seguir a tendência internacional, à medida que novos contratos vão sendo precificados a partir dos rumos ditados pela lei de oferta e demanda global.

Com o consumo mais fraco, sobra mais leite também na Argentina e no Uruguai. O impacto do recuo de preços internacionais pode ter efeito para importadores brasileiros. A baixa das cotações coincide com a entrada da safra de leite na Região Sul do Brasil, que ganha força a partir de agora. Ainda assim, a produção no País está mais baixa do que em anos anteriores, em decorrência de efeitos adversos do clima sobre os pastos e da alta dos insumos. Com a menor oferta interna, as indústrias brasileiras (que importam cerca de 5% da demanda doméstica) reforçam compras externas de lácteos. Nos primeiros cinco dias de agosto, a média diária de importações brasileiras chegou a 798 toneladas de produtos, 24% acima da média diária de julho e 71% a mais do que em agosto de 2021.

Segundo o Rabobank, a oferta vai melhorar no Brasil, mas gradativamente. As cotações internacionais estão em queda neste momento, sobretudo porque a China, que lidera a importação global de lácteos, está comprando menos. O país asiático aumentou sua produção e, além disso, importações e consumo interno foram afetados por novos lockdowns e redução de movimento nos portos devido à Covid-19. Outra causa de pressão sobre os preços globais é o aumento da oferta de leite, que começa a reagir com o recuo de cotações de milho e soja, que compõem a ração animal. Há espaço para novas quedas de preços para o leite. Importante salientar a queda no consumo global, afetado pela inflação. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.