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02/Ago/2022

Leite: preços devem se manter em patamar elevado

A cotação do leite marcou o noticiário nos últimos dias. O preço do leite UHT atingindo R$ 9,00 por litro no mercado varejista em algumas regiões estimulou a discussão. No varejo, o preço médio do leite UHT, considerando a média de São Paulo, subiu 54,9% em 2022, cujo preço médio está em R$ 7,08 por litro. Esse incremento no varejo, representa uma melhora na remuneração ao produtor, pois o preço do leite pago ao produtor também subiu. Mas, apesar da melhor remuneração, o aumento de preço ao produtor foi menor que o aumento de preço ao consumidor final. O incremento no preço veio associado a fortes aumentos nos custos de produção e achatamento de margens. Os preços do leite têm comportamento sazonal ao longo do ano.

No primeiro semestre, com o maior volume de chuvas e safra do capim em boa parte das regiões produtoras, os preços ficam pressionados com o aumento da oferta. Já o segundo semestre marca um período de queda na oferta e preços firmes. Em 2022, essa pressão praticamente foi nula, com a menor captação de leite. Entre 2020 e meados de 2021, com o custo de produção subindo e o consumo patinando por causa da pandemia e redução das atividades econômicas, o consumo caiu e muitos produtores acabaram migrando de atividade, reduzindo a oferta. Nesta mesma janela temporal, o mercado do boi gordo foi marcado por forte valorização na arroba do boi, vaca e novilha gordos, provocando o descarte de matrizes leiteiras. Somando a esse contexto, o clima também pesou.

Pela terceira temporada consecutiva o fenômeno La Niña atuou sobre as lavouras brasileiras. E, em 2022, a quebra de produção na safra de verão (1ª safra 2021/2022) não se restringiu apenas ao milho e à soja. As pastagens também foram afetadas, principalmente no Centro-Sul do País. A menor oferta de leite, em função do descarte de reprodutoras, associada a uma menor produção de pasto e custos de produção elevados, desestimulando o uso de tecnologia, sustentaram os preços pagos ao produtor. Nesse contexto de menor oferta, o controle da pandemia por meio da vacinação e o afrouxamento das medidas restritivas ganharam força, elevando a demanda. A expectativa é de mercado firme para os próximos meses. Se um afrouxamento nas cotações ocorrer, deverá ser entre novembro/dezembro, acompanhando a sazonalidade normal de mercado.

Para o clima, a projeção é de mais uma temporada sob o La Niña, o que deixa incerto o comportamento das chuvas em importantes bacias leiteiras e merece atenção dos produtores. Os custos de produção deverão pesar relativamente menos nos próximos meses. Com um ritmo acelerado e boa produção na 2ª safra de 2022, o preço do milho atingiu o menor patamar em doze meses e assim deverá persistir até meados de novembro (entressafra no País). Por fim, a volta dos auxílios emergenciais deve estimular o consumo de alimentos, entre eles o leite, um produto de primeira necessidade. Fonte: Alcides Torres. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.