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28/Jul/2022

Empresas: Nestlé Brasil lidera ranking de inovação

Criada em 1866, a partir de uma pequena fábrica de leite condensado na Suíça, e presente no mercado brasileiro desde 1921, a Nestlé sempre apoiou seu crescimento no lançamento de produtos inovadores. Nos últimos anos, porém, o apreço da companhia pela inovação ganhou um impulso ainda maior com a meta ambiental que estabeleceu a si mesma: reduzir pela metade as emissões de carbono até 2030 e alcançar a neutralidade total em 2050, com o inesperado desafio de atender uma população obrigada a se isolar meses por causa da Covid-19. O esforço da Nestlé nestas duas frentes de atuação foi decisivo para a sua escolha como a companhia mais inovadora do País, entre as 253 participantes do prêmio Valor de Inovação Brasil neste ano. É a primeira vez, em oito edições do prêmio, que uma empresa do setor de alimentos, bebidas e refrigerantes ocupa o topo do ranking geral.

Com 20 fábricas, 15 unidades de pesquisa e 3 centros de distribuição espalhados por oito Estados, a divisão brasileira da Nestlé emprega 22 mil colaboradores e comercializa cerca de mil produtos. É uma fração relevante do conglomerado global, considerado o maior do planeta no ramo alimentício, que tem 328 mil funcionários e pontos de venda em 191 países. No Brasil, a Nestlé investe em P&D 2% do seu faturamento, o mesmo índice global. Por estar presente em 15 segmentos do setor de Alimentos, Bebidas e Refrigerantes, as ações inovadoras da empresa costumam ser transversais, inspirando aprimoramentos e adaptações em todas as suas áreas de atuação. Todos os colaboradores da empresa, não só aqueles dedicados à pesquisa, são estimulados a contribuir com ideias que possam melhorar os processos de produção, de atendimento ao consumidor e de redução da pegada de carbono da empresa.

Uma dessas ideias, colocada recentemente em prática na área metropolitana de São Paulo, é a venda em domicílio de aveia, farinha láctea e achocolatado em embalagens retornáveis. A proposta foi considerada a melhor entre 1,1 mil sugestões de um programa interno que envolveu funcionários da Nestlé de todo o continente americano. Os produtos são acondicionados em embalagens de inox, de 70 a 600 gramas, e entregues pela startup Nutriens, parceira no projeto-piloto. Nessa modalidade de venda, o consumidor pode comprar exatamente a quantidade de que precisa e colaborar com a redução de resíduos ao devolver a embalagem usada em uma próxima compra. Depois de uma fase experimental, este projeto deve ganhar escala e atender outras cidades brasileiras. Na área de produção de lácteos, a Nestlé, em conjunto com a Embrapa, desenvolveu um protocolo nacional para pecuária de leite de baixo carbono, com diretrizes sobre manejo do solo, bem-estar animal e destinação adequada dos dejetos para diminuir a emissão de metano.

Dos 1,5 mil fornecedores de leite, foram selecionados 20 para receber suporte técnico para a redução de carbono. É um projeto que se estenderá por três anos, na expectativa de alcançar o Net Zero em pelo menos 8 deles. Até 2025, a Nestlé espera garantir que no mínimo 30% das matérias-primas que utiliza sejam produzidas por meio de práticas regenerativas, objetivo essencial para reduzir em 20% as emissões de carbono em todas as suas operações. Outras duas metas nesse período é reciclar o equivalente a todo plástico que coloca no mercado e conservar 300 mil hectares na Amazônia. As iniciativas inovadoras da Nestlé também são resultado do seu relacionamento próximo com universidades, institutos de pesquisa e startups. A companhia tem apostado no modelo de inovação aberta com o lançamento da plataforma Panela Nestlé, que lança desafios principalmente a foodtechs e acelera as propostas mais promissoras.

Nos últimos quatro anos, a empresa analisou centenas de startups, das quais 43 foram selecionadas para desenvolver projetos nas mais diversas áreas, do marketing à sustentabilidade. Na área social, a iniciativa inovadora mais recente da companhia foi o desenvolvimento de uma barrinha de cereais cujo lucro de venda é totalmente transferido para o programa Favela 3D, da ONG Gerando Falcões, que o repassa a comunidades carentes. A transformação digital, a ser turbinada com a adoção do 5G em futuro próximo, é outro objetivo estratégico da companhia, que vai aprofundar o conhecimento de hábitos de consumo e melhorar o atendimento a sua imensa clientela. De acordo com pesquisa da consultoria Kantar Worldpanel, produtos da empresa estão presentes em 99% dos lares brasileiros. A Nestlé tem 10 milhões de perfis de consumidores em sua base de dados, mas quer ampliar esse espectro e aprofundar o conhecimento dos clientes para aprimorar o atendimento.

Com a tecnologia 5G, a captação de dados será acelerada e a empresa também poderá avançar no processo de robotização de suas unidades com a internet das coisas (IoT). Hoje, os robôs disponíveis, como os usados na limpeza de caldeiras e os que fazem a triagem de chocolates por tamanho na fábrica de Caçapava (SP), ainda são poucos. O olhar para o público interno também será mais atento com o 5G, facilitando o esforço da empresa na identificação de talentos. Um exemplo é o Clube Nutren, para o qual foram deslocados funcionários aficionados por games, já que os jogos são importantes para a interação com consumidores acima de 50 anos que fazem parte desse clube. O Clube Nutren é uma plataforma que divulga dicas de nutrição e saúde e dá descontos em produtos conforme os participantes avançam nos jogos. Os talentos também afloram nos hackathons que a companhia costuma realizar, nos quais algumas dezenas de colaboradores de diferentes áreas, numa imersão de 40 horas, são desafiados a encontrar soluções para problemas reais, com a ajuda de mentores.

Com ações como essa, a empresa procura incentivar o empreendedorismo dentro da empresa. Com crescimento acima do que foi reportado globalmente pelo conglomerado suíço no primeiro trimestre de 2022, que foi de 7,6% em relação ao mesmo período de 2021, a Nestlé Brasil anunciou investimentos de R$ 1,8 bilhão neste ano, quase o dobro do que foi aplicado no ano passado. Cerca de R$ 1,1 bilhão serão aplicados nas operações industriais, incluindo a instalação de uma nova fábrica de ração canina em Vargeão (SC), que consumirá R$ 740 milhões, e a implantação de novas tecnologias e processos sustentáveis nas unidades já existentes. Só em inovações de produtos e embalagens a empresa deverá investir R$ 239 milhões neste ano. A empresa não detalha o índice de crescimento nos primeiros três meses de 2022, mas afirma que foi de dois dígitos, provavelmente semelhante aos 12,5% obtidos pela divisão da América Latina. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.