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13/Jul/2022

Leite: Nova Zelândia exporta agtechs para o Brasil

A Nova Zelândia é considerada um exemplo na produção de leite a pasto, sendo inclusive o maior exportador de lácteos do Planeta. Aumentar a produtividade para reduzir a área ocupada por essa e outras atividades do agronegócio foi possível graças à tecnificação dos produtores, dos menores aos maiores. E o governo percebeu que é possível exportar essa tecnologia para outros países, como o Brasil, onde conta com apoio no AgTech Garage, maior centro de inovação do agronegócio, na organização de um intercâmbio de startups. Importar tecnologia não é um problema. Afinal, a curva de adoção tecnológica no Brasil é ascendente e os desafios a serem vencidos são muitos. O importante é encontrar a solução certa para o produtor, onde for. Se a tecnologia de fora for igual à que existe no País e com um custo maior, o negócio não vai acontecer. Mas, o entendimento é de que o ecossistema é global.

Os neozelandeses sabiam que softwares de gestão de propriedade e fintechs existem aos montes no Brasil, então decidiram apostar em tecnologias diferentes, voltadas principalmente à sustentabilidade, como sistemas de sensoriamento remoto para cálculo de pegada de carbono das fazendas. Durante quatro meses, representantes de nove startups receberam mentorias e foram apresentados à realidade dos brasileiros. Participaram do “Agritech International Acceleration Programme” as empresas AbacusBio, Bluelab, CLIMsystems, Gallagher Animal Management, Landkind, Mastaplex, MilktechNZ, Qconz e WayBeyond. O fundo norte-americano The Yield Lab Latam, que investe em agtechs da América Latina, diz que o programa reforçou a expertise dos neozelandeses em hard science, como bioengenharia e nanotecnologia. Parte das empresas já começou a estabelecer contatos para viabilizar suas tecnologias por meio de parcerias, aproveitando até mesmo a base de clientes de agtechs brasileira.

É um movimento pioneiro e inteligente. Antigamente, quando uma startup vinha ao Brasil, procuravam escritório e funcionário, o que representava um risco maior. Com parcerias, já chegam ao País com potenciais clientes e parceiros, economizam tempo e dinheiro. Segundo a agência governamental New Zealand Trade and Enterprise (NZTE), para se estabelecer no mercado brasileiro, as startups da Nova Zelândi levariam pelo menos cinco anos. É um ambiente de distribuição único, diferente inclusive da realidade norte-americana e europeia. Até por sua natureza, agtechs são empresas limitadas em gente e recursos. O governo da Nova Zelândia tem a percepção de uma economia à base de turismo e produtos primários é insustentável. Além disso, o cenário de investimentos em agrifoodtechs no país não é dos mais pujantes. Segundo dados do governo, o país tinha 382 agrifoodtechs no ano passado, sendo 131 a mais do que em 2015, quando o levantamento começou.

Essas empresas receberam 46 milhões de dólares locais (aproximadamente R$ 150 milhões na cotação atual), nem um terço do angariado cinco anos antes e praticamente um décimo do que atraíram em 2016. No Brasil, de janeiro a maio, as startups do agro captaram pelo menos US$ 50 milhões (mais de R$ 250 milhões). Esse foi o primeiro passo. O governo da Nova Zelândia estuda enviar uma missão ao Brasil, para que representantes de startups possam imergir nas empresas brasileiras e aprofundar os contatos e parcerias. Essa fase foi para entender o ‘pitch’ e a maturidade. Em um segundo momento, haverá conexões com investidores e universidades. Está sendo dada visibilidade para ambos os lados, o que abre a possibilidade para investidores de fora. A parceria deve ser uma via de mão dupla no futuro. Por enquanto, o AgTech Garage afirma que os brasileiros tentarão entender as oportunidades na Nova Zelândia. Não é um mercado gigantesco, mas há dúvida sobre se pode pagar mais. Com parceiros fomentando e facilitando, pode ser atrativo e abrir portas. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.