ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

23/Jun/2022

Boi: relação de troca está favorável ao terminador

As oscilações dos preços de toda a cadeia de pecuária de corte nas últimas semanas, e sobretudo, a forte desvalorização do bezerro desde o início do ano, levaram pecuaristas a intensificarem as atenções quanto ao planejamento para os próximos anos, especialmente os relacionados ao animal de reposição e à terminação. Parte dos agentes indica estar “sobrando” bovinos de reposição. De fato, já era de se esperar um aumento na oferta de bovinos de reposição, tendo em vista os maiores investimentos em tecnologias por parte de pecuaristas, o crescimento na produtividade, o período de desmama e principalmente a redução no abate de matrizes. Já a demanda por novos lotes de reposição, por sua vez, pode estar sendo limitada pelos elevados custos de produção.

O resultado desse cenário é que a relação de troca de arroba de boi gordo por bezerro é a mais favorável ao terminador desde dezembro de 2019, ou seja, o poder de compra do pecuarista terminador é o melhor em mais de dois anos e meio. Quando considerados o boi pronto para abate negociado em São Paulo e o bezerro em Mato Grosso do Sul (Indicador ESALQ/BM&F), o pecuarista terminador precisa, nesta parcial de junho, de 7,97 arrobas de boi gordo para a compra de um bezerro. No mês passado, o terminador precisava de 8,43 arrobas para realizar a mesma aquisição, e em junho de 2021, de 9,5 arrobas. Em dezembro de 2019, foram necessárias 7,46 arrobas. No geral, o terminador vem observando, desde o encerramento do ano passado, uma melhora no poder de compra, o que está relacionado à queda nos preços do bezerro de forma bem mais intensa que a desvalorização observada ao boi gordo.

No acumulado da parcial deste ano (de dezembro/2021 a parcial de junho/2022), enquanto o preço do boi gordo caiu 11,23%, o recuo no valor do bezerro atingiu quase 18%. Vale lembrar que, de meados de 2020 até o encerramento de 2021, foi verificada uma deterioração do poder de compra de terminadores. Nesse período (de junho/2020 a dezembro/2021), a média da relação de troca foi elevada, de 9,29 arrobas de boi gordo para a compra de um bezerro, bem acima do patamar atual. E, ainda, ressalta-se que, em outubro de 2021, a relação de troca atingiu o recorde de 10,27 arrobas de boi para abate para a compra de um animal de reposição, se caracterizando como o momento mais desafiador ao pecuarista terminador, considerando-se a série completa de relação de troca do Cepea, iniciada em fevereiro de 2000.

A relação média histórica é de 7,72 arrobas de boi gordo por bovino de reposição, evidenciando que o patamar atual, de 7,97 arrobas por bezerro, é favorável ao pecuarista terminador. Já o melhor momento já verificado, quando foram necessárias apenas 6,03 arrobas de boi gordo para realizar a compra, foi verificado em novembro de 2004. Os elevados custos de produção dentro da fazenda foram corroborados no PIB do agronegócio. No primeiro trimestre deste ano, o PIB do agronegócio caiu 0,8%, devido às quedas observadas nos ramos pecuário (de 0,96%) e agrícola (de 0,75%). Esses recuos, por sua vez, estiveram atrelados à forte alta dos custos com insumos na agropecuária e nas agroindústrias. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.