ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

03/Jun/2022

Suíno: excesso de oferta está pressionado preços

O Brasil enfrenta atualmente um cenário preocupante para o setor de suinocultura. Os produtores do Paraná estão sentindo o impacto causado pelos baixos preços de suínos nas prateleiras dos mercados e a grande oferta dos produtores independentes e das indústrias. O suíno foi a proteína animal que mais cresceu nos últimos anos no Brasil. Entre 2016 e 2021, a produção aumentou mais de 30%, sendo que o Paraná foi o responsável por 1,7 milhão de cabeças, se tornando o segundo maior produtor do País no último ano.

Com o cenário de alta no custo de produção e os preços pagos aos produtores em queda, a preocupação com o excesso de produção veio à tona para os suinocultores da região sudoeste do Estado, que vinha crescendo no setor nos últimos anos. A constatação inicial é de que o consumir está comprando o produto, porém, com um preço muito abaixo do necessário para cobrir os custos de produção. De acordo a Associação Paranaense de Suinocultores, o setor está passando por um momento de dificuldades e deve afetar toda a suinocultura.

Os grãos, parte principal da alimentação, estão em elevados patamares e a cotação do suíno está baixa. Assim, o produtor amarga prejuízos e as perspectivas não são boas. Toda a cadeia poderá sentir o impacto. A suinocultura estava crescendo com rapidez no Brasil após uma crise sanitária causada pela peste suína africana (PSA) atingir a China há aproximadamente três anos, dizimando os plantéis no país que, até aquele momento, era o primeiro em produção de suíno no mundo, com 54 milhões de toneladas ao ano, enquanto o Brasil produzia em torno de 4 milhões.

Com essa crise se instalando na China, os produtores independentes do Brasil e as agroindústrias apostaram que a recuperação da China demoraria em torno de cinco anos e esses produtores brasileiros passaram a produzir suínos em maior quantidade para exportar a carne para a China e assumir mercados antes atendidos por ela. No ano passado, a China foi responsável por 50% das exportações brasileiras, o que sugere em torno de 600 mil toneladas.

No entanto, a China se recuperou rápido e, em menos de três anos, aumentou os plantéis. Por uma questão de segurança alimentar, o governo chinês fez grandes condomínios de matrizes e já recompôs quase toda a produção que havia antes. Como os suinocultores brasileiros se preparam para continuar fornecendo suínos a longo prazo, há excesso de oferta no mercado. Os produtores ficaram com um estoque grande de suínos devido a diminuição da importação de carne brasileira. Com essa superoferta, os suinocultores estão percebendo o prejuízo e começaram a vender as fêmeas.

Um suíno macho pesa entre 90 e 110 Kg e a fêmea pesa de 250 a 300 Kg, o que vai aumentar essa oferta e os próximos meses, agravando a situação. Para frear os prejuízos causados aos produtores de suíno, estão sendo diminuídos os plantéis, sendo que a recomendação é que seja diminuído 20% na indústria, enquanto os produtores independentes também estão trabalhando na redução. É preciso adequar o que está produzindo para exportação e para consumo interno. Em 2021, houve um aumento no consumo interno, passando de 18 Kg per capta no Brasil, mas assim mesmo, não foi suficiente após a diminuição da exportação para a China.

Medidas do governo estão sendo aplicadas. O governo federal libertou verba para os produtores independentes. No Paraná, a cotação atual é de R$ 4,00 por Kg da carne suína, enquanto o custo de produção gira em R$ 8,00 por Kg. A situação vai se agravar quando as fêmeas que estão em excesso nas granjas chegarem ao mercado. A tendência é que no fim do ano tenha uma estabilização no setor, com diminuição do custo de produção após a colheita de milho e soja.

A Associação Paranaense de Suinocultores comentou sobre a liberação do PIS/Cofins, com a autorização de isenção desses impostos no milho para proporcionar aos produtores mais tempo de recuperação. Outro grande impacto sofrido pelo setor de suinocultura foi causado pelo conflito na Ucrânia pois o Brasil estava preparado para vender em torno de 100 mil toneladas de carne suína para a Rússia. A Rússia importava carne suína de outros países e, com a guerra, esses países descarregam seus produtos em mercados onde o Brasil estava vendendo, pressionando ainda mais a exportação de carne suína do Brasil. Fonte: Diário do Sudoeste. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.