26/Mai/2022

A pressão sobre os preços do boi gordo foi reforçada após a China suspender novas plantas de abate brasileiras. Desta vez, a Administração Geral de Alfândegas da China (GACC) anunciou a suspensão de importações para o mercado de bovinos de quatro frigoríficos brasileiros: as unidades da Marfrig de Várzea Grande (MT) e Promissão (SP); da JBS de Senador Canedo (GO), e da JBS de Lins (SP). Não foi explicado o motivo para a decisão. A planta de Promissão estará suspensa por quatro semanas. As outras três, por uma semana. A China vem realizando suspensões de compras de frigoríficos de vários países desde 2020. A justificativa seria o maior controle sanitário, em razão da pandemia de Covid-19.

O fato é que, com o recuo dos embarques à China, principal comprador de carne bovina brasileira, o mercado físico do boi gordo fica ainda mais pressionado, já que o consumo doméstico segue retraído e sem capacidade de absorver eventuais sobras de exportação. De todo modo, apesar das suspensões da China, o cenário exportador segue positivo em maio. Até a terceira semana deste mês, foram embarcadas pelo Brasil 99,5 mil toneladas de carne bovina in natura, com faturamento de US$ 634,61 milhões. Comparado a maio do ano passado, o volume médio diário embarcado e o preço estão, respectivamente, 9,9% e 29,2% maiores.

Mesmo assim, o humor dos participantes de mercado parece ter se deprimido com o movimento chinês. Em São Paulo, o boi gordo é negociado agora a R$ 297,50 por arroba à vista e a R$ 310,00 por arroba a prazo. Em Goiás, a cotação é de R$ 273,00 por arroba à vista. Em Santa Catarina, as escalas alongadas de abate permitem à indústria pressionar os preços. A indicação atual é de R$ 315,00 por arroba a prazo. Em Mato Grosso do Sul, o boi gordo está cotado entre R$ 280,00 e R$ 285,00 por arroba a prazo. Em um mês, as principais regiões pecuárias do País apresentam recuo nas indicações. Em Goiás, por exemplo, o boi gordo se desvalorizou 4,68% em um mês; em Mato Grosso, -2,87% e, em Mato Grosso do Sul, -2,73%.

Porém, o número de bovinos terminados a pasto está começando a ficar restrito. Este fator deve limitar maiores recuos, apesar do ambiente de prudência com as repercussões de novas paralisações de compras chinesas. O movimento chinês tem influenciado o mercado futuro do boi gordo também, já que as cotações ali são pautadas sobretudo por boiadas confinadas, cuja grande parte é destinada à China. Em São Paulo, no atacado, a carcaça casada de bovinos castrados se mantém a R$ 19,41 por Kg e a carcaça de bovinos inteiros, permanece em R$ 17,63 por Kg.