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25/Mai/2022

Leite: oferta restrita eleva preço pago ao produtor

O preço do leite captado em março/2022 e pago aos produtores em abril/2022 atingiu R$ 2,4269 por litro na “Média Brasil” líquida (Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), aumentos de 8,4% frente ao mês anterior e de 9,1% em relação ao valor de março/2021, em termos reais. Com isso, a alta acumulada desde o início do ano chega a 9,7% (valores deflacionados pelo IPCA de abril/2022). E, de acordo com pesquisas em andamento, a tendência altista deve se persistir para o próximo mês, com a valorização do leite captado em abril e pago em maio podendo superar os 5% na Média Brasil. Essa perspectiva se alinha com o desempenho verificado em abril nos mercados do leite spot (negociado entre indústrias) e de derivados. Ressalta-se que esses mercados influenciam o preço do leite captado em abril e pago em maio.

Na negociação entre laticínios e canais de distribuição do estado de São Paulo, os preços médios mensais do leite UHT e da muçarela subiram mais de 12% de março para abril e os do leite em pó, quase 7%. Apesar desse avanço mensal, os preços diários destes lácteos oscilaram mais fortemente em abril do que no mês anterior. Agentes relataram dificuldades em realizar o repasse da alta da matéria-prima aos canais de distribuição, devido ao baixo consumo de lácteos, que, por sua vez, está desestimulado diante dos elevados patamares de preços. Por conta da demanda retraída na ponta final da cadeia, o movimento de valorização do leite spot perdeu força em abril. Em Minas Gerais, o leite spot subiu apenas 0,2% da primeira para a segunda de abril, chegando a R$ 3,02 por litro. Contudo, na média mensal, houve aumento de 9%, em termos reais. A valorização de leite no campo ocorre devido à menor oferta, que, inclusive, tem intensificado a concorrência entre as indústrias de laticínios para assegurar a captação de matéria-prima.

O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) caiu 0,5% de fevereiro para março e já acumula recuo de 4,5% desde março/2021. A produção de leite segue pressionada por custos de produção em alta e pela diminuição dos investimentos ao longo dos últimos meses, o que tem reduzido o potencial de recuperação da oferta mesmo diante da elevação dos preços ao produtor. Apesar de os gastos com o concentrado terem recuado devido às recentes desvalorizações da soja e do milho, o desembolso do produtor com a alimentação do rebanho segue elevado. Além disso, outros insumos se valorizaram, como combustíveis, medicamentos e suplementação mineral. Com isso, a margem do produtor seguiu pressionada neste primeiro quadrimestre do ano. A oferta interna enxuta é reforçada pela queda nas importações e pelo forte crescimento nas exportações. As vendas externas mais que triplicaram.

Esse movimento limitou a disponibilidade interna de leite cru, intensificando a competição entre os laticínios para a captação de matéria-prima. As negociações mais truncadas de derivados no final de abril diminuíram a necessidade dos laticínios de comprar leite no spot, o que pressionou as cotações neste mercado na primeira quinzena de maio. O preço em Minas Gerais caiu 1,9%, com a média de R$ 2,96 por litro. Porém, com oferta limitada de leite cru no campo e nova redução nos estoques de lácteos, as indústrias voltaram a disputar a compra da matéria-prima e, na segunda quinzena de maio, o spot aumentou 3,4%, atingindo R$ 3,06 por litro. Na média mensal, de R$ 3,01 por litro, houve recuo de 0,1% em relação a de abril, em termos reais. No mercado de derivados, o movimento também foi de avanço, mesmo diante das vendas fracas. A expectativa do setor é de que o preço ao produtor se sustente em junho. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.