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09/Mai/2022

Leite: estudo indica avanços e desafios para o setor

Reflexo do aumento de produção entre 2011 e 2020, os laticínios compraram mais leite cru, convertendo-o principalmente em queijos, leite UHT e leite em pó, os derivados que puxaram a produção. O consumo per capita, no entanto, cresceu apenas 3%, menos do que a população, que aumentou 8% no período. Como em toda atividade econômica em que os perfis dos agentes são muito distintos entre si, o potencial inexplorado ainda é muito grande. A avaliação e os dados são do estudo “Agronegócio do Leite: produção, transformação e oportunidades”, elaborado pelo Departamento de Agronegócio da Fiesp. No campo, uma das conquistas no período foi o aumento da produtividade por vaca, resultado de investimentos em genética, nutrição, saúde animal e tecnologia. A produção média teve alta de 59% entre 2011 e 2020. O ganho é relevante em uma atividade econômica que tem sofrido transformações paulatinas.

O setor retrata um Brasil diversificado ao reunir desde os megaprodutores aos fazendeiros com poucas cabeças de gado, casos em que as “mimosas” representam a única renda e o investimento da família. Com as adversidades, muitos pequenos produtores têm deixado a atividade, que passa por concentração. Apesar das mudanças, a produtividade brasileira ainda é menor que a de grandes produtores globais. Na Nova Zelândia, a média é de 4,5 mil litros por animal ao ano, na União Europeia, de 7,2 mil litros, e, nos Estados Unidos, 10,8 mil litros por ano. Mas, as médias nessas regiões cresceram de 11% a 16%, enquanto o avanço no Brasil foi de 59% no período. No Brasil, o setor ficou um pouco atrasado se comparado com outros segmentos que hoje lideram a pauta exportadora do agronegócio. Mas, há muito potencial para conquistar. O momento é desafiador e o setor sofreu sobretudo em 2021, com a disparada dos custos.

O custo da operação industrial dos laticínios já vinha subindo, de 2010 a 2019, o aumento foi de 58%, para R$ 61 bilhões. No período, o valor bruto da produção dos laticínios cresceu 33%, para R$ 82 bilhões. Apesar do quadro, que inclui a baixa evolução do consumo per capita, a Fiesp apresenta uma visão de longo prazo positiva. A atividade tem potencial para novos ganhos em produtividade e consumo, assim como para atrair investimentos. É preciso aprimorar o sistema produtivo, já que melhoria de produtividade reduz custos. Os produtores em pior situação continuarão deixando a pecuária leiteira. A busca da eficiência passa por todos os elos, desde o produtor ao varejo. Na mesma década que a produtividade cresceu no campo, o volume de leite cru adquirido pelos laticínios subiu 18%, para 25,6 bilhões de litros em 2020. Queijos, UHT e leite em pó lideraram o segmento. Entre eles, o destaque são os queijos. Para a Associação Brasileira da Indústria de Lácteos Longa Vida (ABLV), foi o segmento que segurou o consumo.

O queijo foi o derivado que mais ampliou sua participação, seja no volume de derivados produzido pela indústria ou no valor faturado por esse elo da cadeia com as categorias de lácteos. Em volume, a participação de queijos cresceu de 27,8%, em 2010, para 38,7% em 2019, enquanto em valor saiu de 21% para 27%. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Queijo (Abiq), em queijos, o consumo per capita cresceu cerca de 2 Kg desde 2013, para 6 Kg. Para ampliar o volume a 7,5 Kg de queijo por habitante em dez anos, conforme projeta a Abiq, será preciso trabalhar em frentes distintas, como em campanhas informativas para estimular o consumo. A carne é uma proteína animal que faz mais sucesso no Brasil. Na Europa, onde se aprende sobre tipos de queijo desde criança, é o contrário. O consumo per capita de queijo na Europa chega a 20 Kg.

O fato é que o brasileiro gosta de queijo, mas conhece pouco, e por essa razão as campanhas sobre o produto devem continuar ocorrendo. Apesar de as vendas esbarrarem em poder de compra, o produto é quase uma unanimidade. Uma pesquisa recente indicou 95% de aceitação e apreciação. O queijo está entre os derivados lácteos que representam papel importante para explorar o potencial de consumo que a indústria enxerga para o setor. O brasileiro consome 172 litros de leite per capita por ano, indica a pesquisa, abaixo do absorvido no mercado norte-americano, onde o volume é de 327 litros a cada ano. Na Europa, são 233 litros ao ano e, na Argentina, 265 litros por ano. Segundo o Sindicato da Indústria de Laticínios e Derivados do Estado de São Paulo (Sindileite), o consumo médio de lácteos do Brasil tem potencial de aumentar mais de 50% e se equiparar ao da Argentina, país com o qual são compartilhados aspectos econômico-sociais semelhantes. Fonte: Valor Econômico. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.