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22/Abr/2022

Suíno: China eleva produção e reduz a importação

Os exportadores brasileiros de carne suína atravessam um cenário desafiador diante de quedas no volume embarcado para seu principal comprador, a China, que recuperou a produção antes do esperado após o plantel do país asiático ter sido dizimado por anos de peste suína africana (PSA). A China seguiu como líder entre os compradores de carne suína do Brasil em março, mas adquiriu 41,8% menos que o volume importado um ano antes. O mercado chinês foi destino de 34,1 mil toneladas, do total de 91,4 mil que o país exportou. Já as importações de carne suína pela China, de todas as origens, caíram 64% nos primeiros três meses de 2022, quando comparadas ao mesmo período do ano passado, para 420 mil toneladas, segundo dados divulgados pela Administração Geral das Alfândegas da China (GACC), com a maior produção local.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) afirma que o setor sabia que a China, em algum momento iria voltar a produzir, pois o governo ajudou e houve a retomada a produção antes do que o mundo achava que seria. A China produziu 15,61 milhões de toneladas de carne suína nos primeiros três meses de 2022, um crescimento de 14% em relação ao ano anterior, e a maior produção trimestral da proteína no país em mais de três anos. Apesar da queda na exportação em março para a China, o setor brasileiro avalia que a pior parte do problema já ficou para trás. Os dados do primeiro trimestre refletem também um maior abate de matrizes na China, com produtores tentando minimizar a alta dos custos de ração, entre outros fatores, o que resultou em mais carne no mercado. Em paralelo, os embarques de carne suína do Brasil chegaram a 237,5 mil toneladas no primeiro trimestre deste ano, número 6,3% menor que o registrado no mesmo período de 2021.

No Brasil, a exportação é a alternativa para melhorar margens comprimidas pelos custos de produção, que ficaram ainda mais apertadas pela quebra na safra de verão (1ª safra 2021/2022) do Brasil e pela guerra na Ucrânia, fatores que levaram ao aumento nos preços do milho e farelo de soja usados na alimentação animal. A produção chinesa ficou acima do que o mercado foi capaz de absorver, e os preços caíram. O rebanho suíno da China cresceu com investimento massivo do governo e absorção de técnicas de integração usadas no Brasil. Mas, a produção chinesa cresceu mais do que a demanda local poderia absorver. Assim, as importações caíram e junto com elas, o preço global. O departamento de estatísticas chinês informou que o rebanho suíno caiu para 422,53 milhões de cabeças no final de março, ante 449,22 milhões de cabeças no final de dezembro.

Outros custos de produção, incluindo energia e transporte, também estimularam os abates. A China ainda adotou uma estratégia para “driblar” eventuais novos surtos de peste suína africana (PSA). Do ponto de vista sanitário, apesar dos picos da doença terem sido registrados entre 2018 e 2019, o rebanho do país ainda é considerado de risco. Com menos tempo com o suíno na granja, menor é o risco de pegar o vírus da PSA. No ano passado, os preços da carne eram recordes no âmbito global devido ao descompasso entre oferta e demanda. Mas, dados do Brasil do início de abril já indicam recuo de 11,7% no preço médio da carne suína exportada ante o mesmo mês do ano passado, para US$ 2.198,00 por tonelada. Apesar da queda nos embarques para a China, a ABPA não mudou suas projeções de exportações de carne suína do Brasil para todos os destinos, que seguem entre 1,15 milhão e 1,2 milhão de toneladas em 2022.

O Brasil tem outros mercados além da China, além disso, há casos de PSA em outros países. A recente abertura do Canadá para compra de carne suína do Brasil, anunciada em março, é um exemplo de abertura de novos mercados. As médias mensais de exportação de carne suína para a China podem não ficar nos patamares de 2020 e 2021, quando o surto de PSA impulsionou os embarques, mas também não deverão ficar tão baixas como foram no início do ano. Houve uma mudança no patamar de consumo. A China, mesmo retomando a produção, continua importando. O apetite não é igual ao do ano passado, mas o Brasil não ficará na média mensal de 26 mil (do primeiro bimestre), pois já se observa avanço. Em 2018, antes dos efeitos da PSA sobre a demanda chinesa, a média mensal de exportações do Brasil ao mercado chinês era de 12,8 mil toneladas. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.