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12/Abr/2022

Suíno: alta nos custos faz produtor reduzir a oferta

Pressionados pela alta dos custos, acentuada no último mês como consequência da guerra na Ucrânia, os produtores de suínos passaram a reduzir suas ofertas em uma tentativa de elevar os preços de venda e diminuir os prejuízos que foram acumulados nos últimos dois anos. A medida deve dificultar, ainda mais, a vida do consumidor, que enfrenta uma inflação de 11,3% nos últimos 12 meses. Desde o início da pandemia, a cotação do milho, uma das principais matérias-primas da atividade, avançou 71%. No caso da carne suína, a situação é delicada: o valor médio pelo quilo pago ao produtor em cinco Estados subiu 18%. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea-Esalq/USP) explica que, para os produtores de suínos, há uma dificuldade de repassar a alta nos custos porque a carne é tida como produto intermediário, nem caro nem barato. Isso significa que, quando a carne bovina encarece, os consumidores não recorrem à carne suína, mas à de frango.

Os preços do suíno acabam ficando muito voláteis e é mais difícil fazer o repasse. A suinocultura vive uma das piores crises da história, com produtores tendo prejuízos há mais de um ano. Entre as principais dificuldades enfrentadas pelo setor está o preço da ração. Do total do custo de produção, 70% são com milho e farelo de soja. Antes da guerra, a alimentação já estava cara, mas tinha perspectiva de que os preços começassem a cair. Com a guerra, ficou mais difícil. Segundo a Associação Catarinense de Criadores de Suínos, o prejuízo dos produtores da região hoje é de R$ 1,10 por Kg de carne e deve se manter por mais um ano, período em que os custos estarão pressionados e ainda haverá excedente de carne suína no mundo. A oferta da proteína tem crescido globalmente desde 2019, quando a peste suína africana (PSA) dizimou o plantel da China. Produtores de todo o mundo ampliaram suas ofertas de forma desordenada para atender o mercado oriental.

Se os produtores de carne suína já enfrentavam dificuldades desde o começo da pandemia por conta da alta das commodities, a guerra se tornou motivo extra de preocupação. Com a Ucrânia e a Rússia sendo, respectivamente, o quarto e o sexto maiores exportadores de milho, a cotação disparou nas primeiras semanas após a invasão russa. A média de preço ficou em R$ 99,69 por saca de 60 Kg, valor que não se via desde maio de 2021 e quase o dobro do registrado dois anos atrás. Agora, porém, há sinais de trégua no mercado, o que pode garantir, ao menos temporariamente, um alívio aos produtores de proteína animal. Por enquanto, o preço médio do milho é de R$ 90,22 por saca de 60 Kg. Além da desvalorização do dólar ter ajudado nesse recuo, a expectativa de que a 2ª safra de 2022 no Brasil será boa reduziu a pressão no preço. Terceiro maior exportador de milho, o País deve ter uma oferta 46% maior na segunda safra de 2022 na comparação com a de 2021, segundo estimativa divulgada na semana passada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Dados dos Estados Unidos apontam que, pelo menos neste ano, as exportações ucranianas ficarão 23% abaixo do esperado. É uma redução significativa no volume de milho disponível no mercado, mas inferior ao que se esperava em março. Ainda que haja indicativos de uma melhora para os produtores de proteína, a tendência é que os preços também não recuem muito mais. No mercado futuro, a cotação fica entre R$ 86,00 e R$ 87,00 por saca de 60 Kg até o fim do ano. Para a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), os preços devem se manter elevados até início de 2023. Não sabe se os produtores da Ucrânia vão conseguir plantar a próxima safra. A guerra prejudica o fornecimento de sementes, combustível, fertilizantes, além da comercialização. Boa parte da produção era escoada via Mar Negro, o que fica complicado agora. Isso tudo ainda pode mexer nos preços. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.