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30/Mar/2022

Boi: confinamentos deverão se expandir em 2022

A quantidade de bovinos confinados no Brasil deve aumentar em 2022, mesmo com custos de produção mais altos. A perspectiva otimista é atribuída às exportações robustas de carne bovina brasileira, que dão sustentação, internamente, à arroba do boi gordo no mercado físico, especialmente para o bovino cuja carne é destinada ao mercado chinês. A DSM confirma que a tendência de crescimento para a engorda intensiva é puxada pelo ágio pago pelo "boi China", que pode chegar a até R$ 30,00 a mais por arroba em algumas regiões pecuárias do País. O boi precisa ser jovem para atender o país asiático, para isso é preciso confinamento. A China está comprando muito e a tendência é continuar nesse ritmo. A China exige que a carne seja proveniente de bovinos com no máximo 30 meses de idade. Esta demanda serve de estímulo, inclusive, para que os pecuaristas adiantem a transferência dos bois do pasto para terminação da engorda no cocho, pois isso significa mais dinheiro.

A perspectiva é de que haja um incremento de pelo menos 5% de bois terminados no confinamento em 2022. Da mesma forma, o semiconfinamento também deve crescer. Neste caso, o ano garantiria entre 3 milhões e 5 milhões de cabeças engordadas no cocho. Quanto aos custos de produção, no caso do milho, que é o principal insumo da atividade, apesar de o produtor pagar mais caro pelo grão, o valor não oscilou tanto em relação aos já verificados em 2021. Já está precificado a alta do milho. Agora, a 2ª safra de 2022 deve contribuir para aumentar a oferta. A colheita se inicia no segundo semestre e tem boas perspectivas de produção e produtividade na Região Centro-Oeste. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que a safra deverá ser abundante no País. Não vai faltar milho, o que dá uma certa segurança. O milho 2ª safra corresponde a 75% do volume utilizado como ração na engorda de bovinos. Os altos preços do farelo de soja, utilizado na alimentação animal, não afetam o setor, que depende pouco do insumo.

No entanto, em 2021 o boi magro, que representa entre 70% e 75% dos custos do confinamento, gerava entraves por causa do seu preço elevado, cujo ágio em relação ao boi gordo chegava a até 30%. Hoje, o cenário é outro. O mercado está muito ofertado (com gado de reposição), e há pouco comprador neste período. Há casos de deságio em algumas regiões. Agora, o produtor compra o bovino de reposição por um preço menor, ao mesmo tempo em que os preços do boi gordo estão altos. Ele ganha duas vezes. Neste ano, a previsão é de que entre 30% e 35% dos bovinos sejam confinados no primeiro giro e o restante (70% ou 65%) no segundo giro. O primeiro giro é iniciado na entrada da seca, com a boiada vendida de junho a agosto/setembro, enquanto o segundo giro é aquele no qual o gado já é entregue mais perto ou logo após a volta das águas (outubro a dezembro). Do ponto de vista da rentabilidade, o confinamento vai valer a pena em 2022. Por outro lado, estruturas de menor porte não devem se efetivar, em razão dos altos custos de produção.

Não é que a quantidade de gado confinado vá diminuir, pelo contrário, esse rebanho vai ser direcionado para os confinamentos de maior porte e para os boitéis, uma referência aos confinamentos cujo lucro se dá na escala (na quantidade) de bovinos engordados. Em relação ao semiconfinamento, que prevê a engorda a pasto e a terminação no cocho, o clima seco registrado no ano passado prejudicou a recuperação das pastagens. Tanto é assim que, mesmo no terceiro mês de safra, os preços não caem. A perspectiva é confirmada na ponta produtora. A Fazenda Santa Fé, localizada em Goiânia (GO), que confinou 72 mil bovinos no ano passado, por exemplo, deve alojar este ano cerca de 90 mil bovinos, ou 25% mais. Na fazenda é produzido o boi tipo exportação. Todos são destinados ao mercado externo. As perspectivas indicam que o ritmo de embarques de carne bovina para o mercado internacional tende a permanecer aquecido, favorecendo a produção de bovinos no cocho.

Quanto aos custos de produção, apesar de elevados, têm sido compensados pelo preço da arroba comercializada no mercado físico, especialmente em relação aos "bois China". Há uma boa margem de lucro. Os altos custos dos insumos, sobretudo milho e bois de reposição, estão, de certa forma, precificados. Porém, há espaço para que o preço do boi magro oscile mais ao longo do ano, conforme a demanda. O proprietário do Boitel Ribas, localizado em Guarantã (SP) avalia que o clima na Região Sul prejudicou a safra de milho safra de verão no ciclo 2021/2022, aumentando os custos com produção na bovinocultura de corte. Agora, o preço pode cair, com a colheita da 2ª safra de 2022. O boitel confinou cerca de 8 mil bovinos ao longo de 2021. Para este ano, a expectativa é de crescimento de 25%, com 10 mil bois confinados. O semiconfinamento deve ser menor em 2022 em relação ao ano passado, pois está muito menos viável. O produtor que semiconfina não é profissional na questão de insumos, então ele vai demandar muito pouco de caixa. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.