24/Mar/2022

Praticamente desde setembro de 2020 que os preços do boi gordo em São Paulo operam acima dos preços da carne bovina (carcaça casada) negociada no atacado. Ao longo desse período, apenas em outubro de 2021 que esporadicamente a proteína foi comercializada acima da arroba do boi gordo. Vale lembrar que, naquele mês, os envios de carne bovina à China estavam suspensos, o que causou pressão sobre os preços do boi gordo.

O fato de o boi gordo estar sendo negociado acima da carne, por sua vez, está atrelado especialmente à demanda internacional aquecida e à baixa oferta de bovinos para abate. No caso da carne, a reduzida oferta de boi gordo até sustenta os preços da proteína, mas a demanda brasileira pela carne ainda enfraquecida e bastante fragilizada pelo contexto econômico impede que a carcaça casada bovina volte a ser comercializada acima dos patamares observados para o boi gordo.

Aqui ressalta-se que, na época em que a carcaça casada bovina era negociada acima do boi gordo (entre setembro de 2016 e agosto de 2020), a vantagem da proteína chegou a atingir R$ 27,63 por arroba sobre o boi gordo, o que foi verificado em junho de 2017 (média mensal, em termos reais, valores deflacionados pelo IGP-DI). Naquele mês, a carcaça casada bovina foi negociada a R$ 254,90 por arroba, ao passo que a média do boi gordo para abate era de R$ 227,32 por arroba.

Na parcial deste mês de março, enquanto a média da carne está em R$ 326,25 por arroba, a média do boi gordo está em R$ 345,14 por arroba, resultando em diferença de R$ 18,89 por arroba, mas com vantagem para o boi gordo. Trata-se da maior diferença desde agosto de 2016, quando a vantagem do boi gordo sobre a carne bovina estava em R$ 25,22 por arroba. É sempre importante ressaltar que esse cenário pressiona as margens de frigoríficos que atuam apenas no mercado interno. Já as indústrias exportadoras acabam sendo favorecidas especialmente pelo dólar elevado.

De fevereiro para março, especificamente, o boi gordo registrou valorização de 1,43%, e a carcaça casada, de 1,35%. Quanto aos cortes negociados no mercado atacadista de São Paulo, a média mensal do traseiro bovino está em R$ 25,53 por Kg em março, avanço de 1,63% sobre a de fevereiro. O preço do dianteiro, por sua vez, registra pequena alta de 0,8% na mesma comparação, com a média a R$ 18,30 por Kg. Vale lembrar que o dianteiro é uma carne mais barata. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.