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17/Mar/2022

Frango: preços internos deverão se manter firmes

De acordo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a maior demanda doméstica e o incremento nas vendas externas de carne de frango estão impulsionando os preços internos da proteína. Só neste mês, a cotação do frango inteiro congelado subiu até 17% em algumas regiões do Brasil. A perspectiva para as próximas semanas é de novas altas. Além do aumento da procura interna e externa, há os custos de produção, que subiram. Para os próximos dias, também deve continuar a dar suporte aos preços da carne de frango a disparada do preço do petróleo, que causa “efeito dominó” em toda a cadeia, desde o campo, onde são produzidos os principais insumos da atividade, milho e farelo de soja, até a ponta final. A crise do petróleo no mercado internacional está atrelada diretamente à guerra na Ucrânia, que já dura pouco mais de duas semanas. E, com frete e grãos mais caros, os alimentos in natura, de modo geral, devem se valorizar.

Em São Paulo, no atacado, o frango inteiro congelado registra valorização de 17,13% na parcial de março, sendo comercializado a R$ 7,11 por Kg. O frango inteiro resfriado tem alta de 11,34% no mesmo período, a R$ 7,07 por Kg. Desde o início da pandemia, a carne de frango tem sido uma opção mais barata para a população brasileira em relação às concorrentes suína e bovina, já que o poder de compra foi reduzido, por causa da inflação, aliada à crise econômica. Mesmo subindo de preço, a carne de frango segue competitiva ante a bovina e a suína e, cada vez mais, conquista espaço no mercado interno. Com os preços elevados da carne bovina, a carne de frango, assim como a suína e até mesmo os ovos, se tornou uma alternativa de proteína animal para o consumidor brasileiro. Em 2021, o consumo de carne bovina no País caiu para o menor nível em 25 anos, de acordo com dados da Embrapa. Segundo o Rabobank, o aumento de preço da carne bovina está trazendo uma elitização do consumo. Com isso, a carne de frango tem ganhado espaço.

Em relação aos custos de produção, a disparada dos preços de grãos utilizados em ração, como milho e farelo de soja, cotados na Bolsa de Chicago já é uma realidade desde o ano passado. É necessário que haja um repasse desses custos para o consumidor final para que a avicultura continue viável. Do contrário, vai haver saída de agentes da atividade ou redução da produção, já que não tem como trabalhar com margem negativa por muito tempo. Para efeito de comparação, o frango congelado estava sendo negociado, no dia 14 de março em São Paulo, a R$ 7,11 por Kg, alta de 17,13% desde o início de março, enquanto o frango vivo repassado pelos produtores no mercado físico era negociado a R$ 4,83 por Kg, na mesma região e período, queda de 1,8% frente ao preço de fevereiro, mas 5,5% acima do valor negociado em igual período do ano passado. Desde a última semana, porém, o mercado do frango vivo já começa a esboçar sinais de alta.

Além disso, há os custos de produção, sobretudo os relacionados à alimentação (milho e farelo de soja). Na Bolsa de Chicago, os preços dos contratos futuros do milho se valorizaram 3,17% na parcial de março, enquanto as cotações do farelo de soja registraram valorização de 8,1% no mesmo período. O Indicador Cepea do milho subiu 6,74% em um mês, para R$ 103,90 por saca de 60 Kg. A soja em grão, por sua vez, subiu 2,77% em um mês, para R$ 200,43 por saca de 60 Kg. Segundo o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), no Estado, líder na produção de carne de frango, os produtores estão trabalhando "no vermelho" em virtude dos preços elevados das commodities, que já atingiam o setor desde 2021. Mesmo com os preços da carne de frango mais altos no mercado doméstico, ele diz que ainda foi possível ter uma recuperação, mas o setor está buscando um equilíbrio (entre custo de produção e preço de venda).

A valorização da proteína de ave no mercado interno deve permanecer até abril, pelo menos. O setor espera trabalhar sem prejuízo, se mantendo equilibrado até a próxima safra de milho, que chega ao mercado em junho ou julho. A safra de verão de milho (1ª safra 2021/2022) teve quebra severa nos Estados da Região Sul este ano, frustrando expectativas de que o insumo ficaria mais barato logo após a colheita. Quanto à perspectiva de novas altas nos preços da carne de frango, o Rabobank avalia que será necessário observar como será a colheita da 2ª safra de 2022. No entanto, não há fundamentos para os preços da proteína animal caírem no curto prazo, ao mesmo tempo em que não há possibilidade de aumento de oferta. Uma possível pressão de preços teria que vir do lado da demanda, que é improvável em um momento em que a carne de frango está liderando essa recuperação econômica do mundo pós-Covid, por ser a proteína mais barata. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.