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11/Mar/2022

Carnes: a guerra e os desafios no mercado externo

A guerra da Rússia contra a Ucrânia chama a atenção para novos obstáculos que estão por vir dos mercados internacionais de carnes brasileiras. Segundo o Ministério da Agricultura, a guerra se conecta com a situação da transição da pandemia. Os desafios gerados pela guerra passam a ser um desses fatores. No cenário atual, tudo que não pode haver nessas relações comerciais é a falta de previsibilidade e tranquilidade. Mas, o momento não é para pânico, porque o tempo de duração da guerra é que será determinante para avaliar a gravidade dos impactos nos mercados internacionais de carnes brasileiras. A falta dos fertilizantes, que é a grande preocupação do Brasil hoje, pois afeta diretamente esses mercados de carnes. Os fertilizantes são insumos utilizados na produção de ingredientes da ração desses animais, especialmente de aves e suínos. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) reconhece eventuais turbulências nas negociações de carnes brasileiras com mercados internacionais, por causa do ambiente hostil gerado pela guerra, mas enxerga o outro lado da moeda.

Ainda que a Rússia e a Ucrânia sejam compradores de carnes do Brasil, e que nesse momento o País esteja em desvantagem pelas sanções econômicas à Rússia, não dá para ignorar que tanto a Rússia quanto a Ucrânia são competidores diretos do Brasil. A Ucrânia, por exemplo, é uma grande exportadora de carnes de aves para a Arábia Saudita, União Europeia e países do Golfo, e o Brasil tem relações sólidas com esses países, portanto há expectativa de que seja possível suprir ainda mais esses mercados, conforme o tempo de duração da guerra. Do total de carnes de aves exportados pelo Brasil em 2021, 2,5% (equivalente a pouco mais de 100 mil toneladas) foram importadas somente pela Rússia, mas o fechamento dos portos na Ucrânia e as dificuldades logísticas da Rússia vão contribuir para aumentar a demanda pelo produto brasileiro na Arábia Saudita, União Europeia e países do Golfo. A saúde animal tem sido um pilar importante para a sustentabilidade de diversos setores, desde agropecuária até o mercado pet.

Não à toa, o segmento de saúde animal registrou um crescimento de cerca de 18% em 2021, em comparação ao ano anterior, de acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan). A pandemia aumentou a demanda externa por proteína, que aqueceu o setor enquanto a crise econômica e a alta nos preços afetavam o Brasil e direcionavam o consumo interno para tipos mais variados de carnes. Estimativas anteriores previam uma média de alta de apenas 8,4%. O Sindan aponta alguns aspectos que contribuíram para esse aumento expressivo. Entre os principais estão a alta das exportações, principalmente em carne bovina e suínos, crescimento na demanda por proteína, melhora na produtividade do setor agropecuário, aumento no número de adoção de pets e relações mais próximas entre os animais de companhia e os tutores, o que intensificou o cuidado. Quase todos os importadores da carne do Brasil aumentaram suas demandas.

Somando isso a uma busca maior por eficiência na produção agropecuária e um movimento do mercado de valorização do bem-estar dos animais, rendeu um crescimento expressivo no setor de saúde animal. Além disso, há uma grande movimentação no setor pet. Com o aumento no número de animais de companhia nos lares brasileiros, os tutores começaram a investir mais na saúde e bem-estar dos animais, movimentando o mercado. Para este ano, a expectativa do setor é de um crescimento um pouco menor, embora acima da média histórica do segmento de saúde animal. Entre os motivos apontados estão crescimento mais moderado das exportações, a alta nos custos com insumos, que podem impactar os preços dos produtos e o arrefecimento do mercado pet. As projeções para 2022 são de crescimento em torno de 12%. Fonte: Monitor Mercantil. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.