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04/Mar/2022

Frango: preocupação com as exportações à Rússia

A guerra entre Rússia e Ucrânia eclode justamente quando eram grandes as perspectivas de aumento substancial nas exportações da carne de frango para os dois mercados. Em 2021, a Rússia aumentou em mais de um quarto as importações do produto brasileiro, com isso gerando incremento de quase 54% na receita cambial. Foi o décimo principal mercado externo, respondendo por mais de 2% do volume e da receita cambial do setor. A Ucrânia, que integra o grupo dos 10 maiores exportadores mundiais de carne de frango, tem, por essa razão, pequena participação nas exportações brasileiras. Mas, ainda que em 2021 tenha sido apenas o 92º maior importador da carne de frango do Brasil, registrou, no ano, aumento de mais de 512% no volume adquirido e de 665% na receita cambial. Além disso, toda a logística de atendimento do Leste Europeu está prejudicada.

Assim, opostamente ao que ocorreu em 2020 (quando se confirmou a pandemia e os mares ficaram vazios), o que acontece agora são verdadeiros congestionamentos marítimos, sobretudo nos pontos mais próximos de acesso à região, o que prejudica o atendimento de vários outros países. Na quarta-feira (02/03), as duas maiores empresas de navegação marítima do mundo, Maersk e MSC, anunciaram que, aderindo à série de restrições já impostas por outros países à Rússia, suspenderam seus serviços marítimos em território russo. Mas, excluem dessa medida o transporte de alimentos, produtos médicos e humanitários. Ou seja: ainda que possam perdurar, os efeitos sobre a carne de frango e outros alimentos devem ser menores do que sobre as commodities não alimentares. A dificuldade está em encontrar novos navios. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) estuda novas rotas longe de conflitos.

Com a elevação dos preços do milho, aumenta a preocupação do setor de proteína animal que depende dessa commodity para a produção de ração. Além disso, a guerra vai prejudicar as exportações para a Rússia. No ano passado, o Brasil exportou pouco mais de 9 mil toneladas de carne suína para Rússia, com receita de quase US$ 24 milhões. Esse volume respondeu por cerca de 0,8% dos embarques da proteína em 2021. Já os embarques de carne de frango para a Rússia responderam por 2,8% do total exportado pelo Brasil no ano passado, com quase 106 mil toneladas e receita de US$ 167 milhões. A ABPA prevê que os conflitos vão impactar as exportações de carne de frango do Brasil para a Rússia, no entanto, o impacto será limitado e não vai ‘sobrar’ produto no mundo. A grande questão está no aumento dos preços, que será inevitável.

O grande efeito está no preço dos insumos. Já houve alta no milho, no farelo de soja e no trigo. E subindo o custo da ração, o valor do frango, do suíno e do ovo sobe no supermercado e na mesa dos brasileiros. O fluxo dos embarques para a Rússia deve ser afetado, devido à escalada no conflito. Mas, os produtos brasileiros devem chegar ao seu destino. Os produtos que estão a caminho da Rússia vão chegar ao seu destino. A grande dificuldade está em encontrar novos navios e continuar o fluxo de comércio, já que há uma desconfiança de armadores para viajar em uma zona de guerra. A entidade está atuando junto às empresas no estudo de rotas alternativas, que estão longe da área do conflito. Fonte: Canal Rural e AviSite. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.