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25/Fev/2022

Rússia-Ucrânia: impacto nos frigoríficos brasileiros

Segundo o Itaú BBA, para as empresas brasileiras de proteínas, o acirramento das tensões entre a Ucrânia e a Rússia tende a ter um peso maior sobre a BRF do que na JBS, por exemplo. A crise no Leste Europeu tem maior potencial negativo para a BRF dados os efeitos sobre seus custos de produção e sobre as exportações de carne de frango. A previsão é de que a crise deve elevar os preços de milho e trigo, já que Ucrânia e Rússia respondem, juntas, por 18% das exportações de milho e por 28% das de trigo. Embora o Brasil seja exportador líquido de milho, a oferta doméstica vem diminuindo em relação ao consumo por causa do avanço das usinas de etanol feito com o grão. Qualquer problema na oferta de milho da Ucrânia, que respondeu por 35% das importações da China em 2021, pode aumentar ainda mais a demanda pelo cereal brasileiro, desencadeando novas altas dos preços.

Um aperto na oferta global de milho pode gerar pressão sobre a estrutura de custos da BRF no curto prazo. Para cada 10% de alta nos preços do milho, o custo unitário de produção da companhia tende a subir 2%. O efeito ofuscaria um potencial benefício gerado pela crise na Ucrânia, que seria a alta na demanda por frango brasileiro. A Ucrânia é exportadora líquida de carne de frango desde 2013 e a Rússia, desde 2021. Embora os volumes sejam pequenos, os embarques ucranianos representaram 10% das importações da Arábia Saudita no ano passado. Logo, problemas na região podem direcionar essa demanda ao Brasil. A BRF está posicionada para atender a essa demanda e se beneficiaria de uma alta dos preços do produto. Porém, o benefício estaria mais ligado ao Oriente Médio. Os efeitos sobre a BRF, claro, respingariam na Marfrig, que hoje tem 33% de participação na companhia.

No mais, a crise na Ucrânia não teria maiores impactos na Marfrig, já que menos de 2% de suas receitas vêm da região e a maior parte de suas operações é nos Estados Unidos. A JBS também enfrentaria pressão generalizada e significativa sobre os custos das controladas Pilgrim’s Pride, US Pork e Seara, mas que poderia ser compensada por preços mais altos do frango. A JBS pode se beneficiar de um ambiente mais favorável ao consumo nos Estados Unidos. Os negócios de carne bovina nos Estados Unidos e no Brasil tendem a ser menos afetados por novas altas dos grãos. A Minerva também pode sofrer impactos limitados, pois tem só 6% de suas receitas relacionadas à região da comunidade dos Estados independentes. A demanda por carne bovina no mundo segue em alta e a companhia conseguiria redirecionar vendas a outros mercados se houver problemas no Leste Europeu. Fonte: Valor Econômico. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.