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16/Fev/2022

Suíno: piora nas relações de troca para o produtor

A Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) afirmou nesta terça-feira (15/02) que a ampla oferta de suínos e custos elevados de produção determinam, neste momento, a pior relação de troca da história da suinocultura do País. Em levantamento realizado pela entidade, em janeiro deste ano a relação de troca do suíno com o milho foi de 3,65 (com a venda de 1 Kg de suíno se compram 3,65 Kg de milho) e, com o farelo de soja, foi de 2,11 Kg com a venda de 1 Kg de suíno. A média das duas primeiras semanas de fevereiro indicou um agravamento dessa relação de troca do suíno com o milho e o farelo de soja, chegando a 3,29 e 1,90, respectivamente. Como base de referência, de modo geral considera-se como ideal, para que se tenha margem positiva na atividade, que 1 Kg de suíno vivo seja suficiente para comprar ao menos 6 Kg de milho ou, no mínimo 3,5 kg de farelo de soja.

Ou seja, o prejuízo contabilizado pela atividade neste início de ano é bastante alto. Há vários motivos para o setor ter chegado a esta situação. As exportações da proteína suína para a China começaram a diminuir entre outubro de 2021 até janeiro deste ano. No primeiro mês de 2022, o país asiático se manteve na liderança das aquisições do Brasil, mas isso não representou a metade das exportações. A Rússia que, ao anunciar cota de 100 mil toneladas para o primeiro semestre deste ano, representou uma esperança de compensar o recuo chinês, ainda se mostrou muito tímida nas compras, pelo menos em janeiro, com apenas 1.657 toneladas. Em 2021, a disponibilidade interna de carne suína aumentou em mais de 284 mil toneladas, quando comparado com o ano anterior, resultando em incremento do consumo de 1,2 Kg por habitante/ano, ou seja, crescimento de 7%, o maior salto da história em um ano.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que a média exportada de carne suína, nos primeiros nove dias úteis de fevereiro, ficou em pouco mais de 3,1 mil toneladas por dia, contra 4 mil toneladas diárias em fevereiro do ano passado, indicando que não haverá, ao menos neste início de ano, crescimento significativo das exportações. Mais preocupante é a queda do valor da exportação, que, em fevereiro de 2021, foi de US$ 2.425,00 por tonelada e agora (fevereiro/2022) recuou para US$ 2.166,00 por tonelada tornando o mercado de exportação menos atrativo, o que também contribui para a queda de preço no mercado doméstico, em função de maior oferta. Outro fator foi que a queda do preço de venda do suíno vivo foi agravada pelo custo de produção ainda em alta. Além disso, mesmo com a colheita do milho safra de verão (1ª safra 2021/2022) em curso, o milho segue em alta por causa da estiagem e quebra da produção na Região Sul.

Os preços do farelo de soja também continuam em ritmo de alta, se aproximando dos R$ 3.000,00 por tonelada em algumas regiões. Essa combinação de baixo preço de venda e alto custo dos principais insumos determinou, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), na primeira quinzena do ano, a pior relação de troca entre o suíno e o milho. O cenário de alta de grãos, agravado por uma oferta elevada de carne suína, indica, pelo menos no primeiro semestre de 2022, um período de muitas dificuldades para o setor, que já vem amargando prejuízos desde o início do ano passado. A ABCS informa que tem trabalhado junto ao governo federal, solicitando medidas emergenciais que possam amenizar este momento, além de trabalhar no incentivo ao consumo para fortalecer o mercado interno, diminuindo a dependência das exportações e escoando o excedente da produção. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.