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15/Fev/2022

Boi gordo: perspectivas para o mercado em 2022

O mercado do boi gordo foi de preços firmes em 2021 em função da oferta reduzida de gado terminado. Mesmo com altas expressivas na cotação em 2020, em 2021 a cotação continuou subindo. A razão foi a queda na quantidade de cabeças abatidas comparada ao mesmo período do ano anterior (queda de 8% até o terceiro trimestre, últimos dados disponíveis), à forte concorrência entre as indústrias pela matéria-prima e à exportação de carne bovina com bom desempenho.

Em São Paulo, em meados de setembro e outubro a cotação da arroba caiu para a mínima de R$ 256,00, com a suspensão das exportações de carne bovina à China em virtude da confirmação, no Brasil, de dois casos atípicos de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), o "mal da vaca louca", o que, indiretamente, revelou a fragilidade do consumo no mercado interno, incapaz de absorver a carne bovina produzida nos patamares de preços acima dos R$ 300,00 por arroba observados antes do período da suspensão e, assim, concorrer com a exportação.

A liberação dos embarques à China ocorreu em 15 de dezembro de 2021. A partir daí, na virada do ano, logo na primeira semana de janeiro, os preços do boi gordo decolaram, com os frigoríficos firmes nas compras para suprir a demanda dos clientes externos atrelada à oferta curta de gado. Já na segunda quinzena do mês, os preços se equilibraram, com o escoamento baixo, típico do período do ano, e as escalas de abate confortáveis.

Em algumas regiões, o preço neste período caiu, principalmente naquelas em que a pecuária em pasto e os negócios voltados ao mercado interno dominam, mas nas praças em que há indústrias exportadoras os preços continuaram firmes. As cotações ficaram mais frouxas na entrada de fevereiro, com a diminuição das compras para abastecer o mercado interno, com o menor volume das compras chinesas em virtude do feriado nacional de Ano-Novo, com início em 1º de fevereiro, e ao aumento sensível no volume de gado terminado.

Quanto às exportações, o Brasil embarcou em janeiro 140,5 mil toneladas de carne bovina in natura, um recorde para os meses de janeiro, sob influência, principalmente, das compras da China, Hong Kong e Estados Unidos (Secex). Na primeira semana de fevereiro, o Brasil exportou 39,6 mil toneladas de carne bovina. O embarque médio diário foi de 9,9 mil toneladas, alta de 74,8% frente à média de fevereiro/2021, indicando que a exportação está firme e promete registrar bons volumes no fechamento do mês, caso siga na mesma toada, a depender do volume de negócios com a China no início do mês, em virtude do feriado de Ano-Novo.

Para o restante de fevereiro e para março, em função do fim da estação de monta e maior disponibilidade de fêmeas para abate, pode haver aumento na oferta de gado terminado e pressionar as cotações do boi gordo. No entanto, os reflexos de um ano desafiador, como foi 2021, a disponibilidade limitada de forragem e o custo de produção em alta podem reduzir a saída de animais terminados e limitar as quedas.

O cenário econômico deve seguir com perspectivas ainda contidas de melhoria, mas na comparação com janeiro o escoamento pode melhorar, inclusive com o pagamento do Auxílio Brasil. As atenções se voltam à disseminação da variante Ômicron de Covid-19, que pode impor novas medidas de restrição sanitária. Março é normalmente um mês de bom desempenho das exportações à China, o que, atrelado à expectativa de disponibilidade de boiadas terminadas enxuta, pode dar firmeza aos preços do boi gordo. Fonte: Alcides Torres. Broadcast Agro.