ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

08/Fev/2022

Brasil está em busca mercados alternativos à China

Um dos maiores consumidores de carne suína do mundo, a China está reestabelecendo sua produção interna depois de exterminar grande parte de seu plantel vitimados pela peste suína africana (PSA), que chegou ao país em 2018. A retomada da produção por lá indica que os chineses passarão a importar menos carne suína, o que impacta fortemente a suinocultura brasileira, em especial os estados do Paraná e Santa Catarina, que são os maiores produtores e grandes exportadores da proteína animal. A China tem sido, nos últimos anos, um dos principais destinos da carne suína produzida no Brasil. Segundo a Cooperativa Central Frimesa, no ano passado, o Brasil exportou para os chineses 400 mil toneladas de carne suína. Neste ano, este volume vai cair pela metade.

A notícia da redução da demanda pelos chineses chega num momento já crítico para a suinocultura brasileira. A estiagem prolongada quebrou boa parte das safras de soja e milho, principais componentes da ração animal, fazendo o custo de produção do suíno disparar. A redução da demanda pelo mercado chinês está também provocando uma desvalorização da carne suína no mercado mundial. Nos últimos 90 dias, a carne suína passou de US$ 2,8 mil por tonelada para US$ 2,3 mil por tonelada. No caso do Brasil tem o agravante do impacto do câmbio nas cotações. A situação atual da suinocultura vai demandar um ajuste na produção, com uma redução em torno de 10%, e a diminuição das margens tanto da indústria quanto do varejo já que o consumidor não tem condições de absorver mais aumento no preço da carne.

A busca por novos mercados é outra estratégia para driblar a crise e compensar a redução nas compras pela China. Um trunfo é o Paraná ter sido declarado área livre de febre aftosa sem vacinação, o que derruba qualquer restrição sanitária que até então o produto poderia ter. Uma das iniciativas na busca de novos mercados é a campanha que a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), lançou em Moscou, na Rússia, para promover a carne suína e da carne de frango do Brasil. A campanha se estenderá durante todo o mês de fevereiro em outdoors, relógios de rua, pontos de ônibus, entre outros, instalados na área turística de Moscou, ao redor do Centro de Exposições e da Praça Vermelha.

Ao todo, são 69 pontos de publicidade na região central da cidade. Realizada pela agência CAP Amazon e com a mensagem “Quality you can trust - a Long-term partnership” (na tradução livre, “Qualidade que você pode confiar - uma parceria de longo prazo”), a ação acontecerá em paralelo a um período de forte presença brasileira na capital russa, com a participação na Prodexpo (feira de alimentos que acontecerá entre os dias 9 e 11 de fevereiro) e a missão presidencial do Brasil à Rússia. O objetivo é fortalecer as marcas internacionais Brazilian Chicken e Brazilian Pork em um momento estratégico para o setor. Recentemente, a Rússia anunciou a liberação de uma cota de 100 mil toneladas para importação de carne suína, e há expectativa de que os exportadores brasileiros enviem volumes expressivos para o mercado do Leste Europeu.

Ao mesmo tempo, os exportadores brasileiros também buscam expandir a participação da carne de frango no mercado russo, que já apresenta significativa participação entre os principais destinos da proteína animal do Brasil. Hoje, a Rússia está entre os 10 maiores importadores da carne de frango do Brasil, com 105,9 mil toneladas embarcadas em 2021 (equivalente a 2,4% do total), gerando receita de US$ 167,3 milhões no período. A Rússia também se destaca entre os destinos de carne suína, com 9,2 mil toneladas importadas no ano passado (equivalente a 0,8% do total), com receita de US$ 23,8 milhões. Segundo a ABPA, será um momento oportuno para destacar a imagem internacional da carne de frango e da carne suína do Brasil, reforçando a posição como parceiro estratégico pela segurança alimentar da nação do Leste Europeu. Fonte: Gazeta do Povo. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.