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03/Fev/2022

Frango: Brasil terá que aguardar resposta da China

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa a indústria de carne de frango do País, avaliou que a suspensão das exportações de dois frigoríficos por parte do governo da China não deve ter impacto significativo nos embarques do produto para o país asiático. Atualmente, há 43 plantas frigoríficas habilitadas a exportar para o mercado chinês. A China é o principal comprador mundial de frango brasileiro. No ano passado, os chineses compraram 639,492 mil toneladas do produto, com uma receita de US$ 1,27 bilhão. No total, as exportações totais de frango do Brasil foram de 4,46 milhões de toneladas, com um faturamento total de US$ 7,89 bilhões em 2021. No dia 30 de janeiro, a Administração Geral de Alfândegas da China (GACC) anunciou a suspensão das importações de carne de frango de dois frigoríficos brasileiros. A medida atinge a São Salvador Alimentos, dona da marca Super Frango, em Itaberaí (GO), e a Bello Alimentos, da marca Frango Bello, em Itaquiraí (MS).

Os motivos da suspensão não foram informados. A ABPA confirma ter recebido a notícia da suspensão e informa que está apoiando o governo brasileiro e as empresas na tentativa de restabelecer os embarques. A entidade reafirma os altos padrões de qualidade e sanitários estabelecidos por suas associadas, assim como no sistema de controle sanitário brasileiro. Os pedidos de explicação enviados pelo governo brasileiro à China sobre a suspensão da autorização de exportação de carne de frango de dois podem demorar mais de uma semana para serem respondidos. Com o feriado de Ano Novo Lunar, cujas comemorações vão até o dia 8 de janeiro, é pouco provável que a resposta chegue nos próximos dias, repetindo a postura observada em setembro do ano passado, quando o governo chinês decidiu suspender as importações de carne bovina do Brasil. Por mais que o Ministério da Agricultura tenha solicitado uma justificativa e pedido maiores informações, agora é preciso aguardar pela resposta da China.

Dentre as possibilidades aventadas pelo mercado para a suspensão estão desde problemas na rotulagem e nas instalações das fábricas até uma possível contaminação por Covid-19 em lotes enviados ao país (justificativa que embasou as últimas suspensões de frigoríficos de aves anunciadas pela China). A São Salvador Alimentos, responsável pela unidade suspensa em Goiás, afirmou que as causas da suspensão estão sendo analisadas junto aos órgãos competentes, para que sejam adotadas todas as providências necessárias para reativar o quanto antes referida habilitação. A Bello Alimentos, empresa responsável pelo frigorífico suspenso em Mato Grosso do Sul, ressaltou que ainda não foi notificada oficialmente sobre a decisão e que todas as medidas sanitárias e de segurança, exigidas pelo Ministério da Agricultura e pela China, são seguidas rigorosamente. Desde o início da pandemia, a China tem aumentado o rigor com seus fornecedores, o que tem se refletido em suspensões frequentes de frigoríficos.

Em agosto, uma unidade da BRF também foi suspensa sem justificação prévia, sendo alegado posteriormente problemas no transporte até o país. Mais recentemente, em setembro, um caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina motivou um embargo que abrangeu toda a cadeia de carne bovina e durou mais de cem dias. Essas suspensões refletem as diferenças culturais entre Brasil e China e tendem a se tornar mais frequentes conforme mais plantas sejam habilitadas a exportar para o país. Existe uma diferença cultural muito grande sobre a qual existe um debate há muito tempo, não só nesse caso das plantas de carne de frango, mas também no caso da suspensão da exportação de carne bovina. A China não costuma dar muita explicação sobre as suas decisões. Quanto mais o Brasil cresce em número de plantas habilitadas, mais problemas podem ocorrer. Fonte: Revista Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.