27/Jan/2022
Diante de uma possível redução no potencial da safra 2021/2022 de grãos na Região Sul por causa da estiagem, o cenário para a suinocultura brasileira neste ano, que já era nebuloso em razão de uma tendência menos positiva para as exportações, deverá se complicar ainda mais. A Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) tem alertado que as crises cada vez mais frequentes e complexas no segmento podem levar muitos produtores independentes e pequenas e médias integrações à falência. A grande preocupação é a recuperação da demanda do mercado doméstico para absorver o aumento da produção.
A entidade considera o cenário interno hostil, reforça que há sinais de superoferta e lembra que, por isso, os preços estão em queda desde a segunda quinzena de dezembro. Em boa parte de novembro e no início de dezembro/2021, o indicador Cepea/Esalq para o suíno vivo negociado em São Paulo permaneceu acima de R$ 7,00 por Kg. O índice caiu abaixo de R$ 6,50 por Kg na segunda metade de dezembro, rompeu a barreira de R$ 6,00 por Kg no início de janeiro/2022 e atingiu R$ 5,14 por Kg no dia 24 de janeiro. De acordo com a Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), a queda de preços e o aumento de custos estão causando prejuízos entre R$ 300,00 e R$ 350,00 por suíno vendido no mercado independente de Santa Catarina.
Percebe-se que principalmente pequenos suinocultores, que já não têm mais como aguentar o prejuízo e enfrentam dificuldade de obter crédito, estão indo para a integração. É um sistema em que não se fatura muito no pico, mas também não se perde muito em crises. Tradicionalmente, o início do ano é de retração de demanda por carne suína no mercado doméstico e de queda da exportação, o que agrava o desequilíbrio entre oferta e procura, pressionando ainda mais os preços para baixo. Com o aumento da produção na China, o Brasil deverá embarcar menos carne suína neste ano.
O Bureau Nacional de Estatísticas da China informou que, no ano passado, a produção de carne suína do país cresceu 29%, para 53 milhões de toneladas, e aproximou-se dos níveis pré-peste suína africana (PSA). O governo chinês trabalhou muito para recuperar sua suinicultura: recompôs os estoques públicos, ofereceu linhas de crédito com juros diferenciados e reduziu a importação. No Brasil, as margens estão deterioradas e alguns produtores operam no vermelho. Em janeiro/2022, os embarques de carne suína tendem a crescer, mas sobre um volume baixo enviado em janeiro de 2021. A Associação Brasileira de Proteína Animal afirma, no entanto, que após o Ano Novo Chinês e quando a onda de Covid-19 causada pela Ômicron for controlada na China as compras deverão reagir.
Mesmo com o aumento da produção, a China ainda terá que importar 4,8 milhões de toneladas, levando em consideração projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para a demanda chinesa. Além disso, a produção chinesa cresceu em 2021 apoiada também no abate precoce de matrizes. Com isso, a tendência agora é de queda. Nesse contexto, a principal preocupação do setor é com os custos. No fim do ano passado, a entidade projetava um cenário de custos mais controlados, mas a estiagem na Região Sul do País deve manter os gastos elevados. As empresas e integrações estão mais alongadas no planejamento de compra de insumos, mas os independentes sofrem um efeito mais severo. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.