20/Jan/2022
Não é apenas nas lavouras de milho, soja e arroz que a estiagem tem causado prejuízos no Rio Grande do Sul. Com o pasto seco, os pecuaristas do Estado estão buscando alternativas que sustentem os seus rebanhos neste verão de temperaturas chegando a 40ºC. Janeiro começou abrasador e a tendência é que as temperaturas continuem elevadas e a chuva escassa. A preocupação com a falta de água está presente diariamente nas propriedades, seja com a perda de peso dos animais, a má qualidade da prenhez das fêmeas e do desmame precoce dos terneiros, mas também causam alertas a condição nutricional dos bovinos, além da possibilidade iminente de faltar água para o consumo dos animais. A época de primavera e verão é quando há melhor crescimento dos pastos, maior qualidade da forragem e um bom desenvolvimento dos animais. As vacas entram em período de parto no início da primavera e depois são colocadas em reprodução, tanto na inseminação artificial quanto na monta natural, relata a Associação Brasileira de Angus.
Se, neste período, acontece uma temporada prolongada de estiagem como a que o Rio Grande do Sul passa atualmente, o resultado do campo seco é uma alimentação escassa. O produtor está lidando com a perda de peso dos animais, diarreia em terneiro por conta da água suja, falta de forragem de qualidade. Tudo isso atrapalha a produção e o desenvolvimento dos terneiros. O Instituto Desenvolve Pecuária fez um levantamento entre os seus 240 associados que relataram essa situação. A falta de proteína, as pastagens de verão já em processo de queima, a falta de água, além da perda expressiva do milho e da soja completam o cenário desfavorável. Unir as invernadas e não distinguir as categorias têm sido ação básica de manejo para um melhor cuidado. Contudo, sem condições nutricionais das vacas, os pecuaristas estão sendo obrigados a fazer o desmame precoce dos bezerros. Deste modo, um terneiro que mamaria até um peso aproximado de 180 quilos a 200 quilos tem sido desmamado com um peso aproximado de 120 quilos a 140 quilos.
O processo de engorda, que normalmente leva em torno de 24 meses para o gado de corte, pode sofrer atraso e prejuízo no ganho de peso. Os impactos no gado de corte são preocupantes, mas não tão graves quanto está sendo para o gado leiteiro. Segundo a Associação dos Criadores de Gado Holandês (Gadolando), a estiagem eleva consideravelmente o preço da produção do litro de leite porque não há pastagem adequada. A produção de silagem representa 70% do que é consumido pela vaca, o restante é suplementação, que está escassa nas propriedades. A alimentação está impactando no resultado da produção e no processo reprodutivo do rebanho leiteiro. São fatores que devem gerar impactos a longo prazo para o setor leiteiro. O ideal é repor 20% do rebanho anualmente para manter a produção. A janela é de 24 meses para que um terneiro comece a produzir leite. O cenário é muito preocupante.
A cada dia aumenta o prejuízo do produtor. Há problemas graves nas lavouras de milho e de soja e gravíssimos na pecuária leiteira. A situação é complicada porque as entidades não veem uma solução a curto prazo, e por isso, vêm alinhando, com o governo estadual e com os parlamentares do Estado, através de audiências públicas, medidas que possam ajudar nos momentos de crise. Ações de longo prazo, como a de preservação de água nas propriedades, esbarram na legislação federal que prevê a interferência em área de preservação permanente somente nos casos de interesse social, utilidade pública ou impacto ambiental. A ideia é que a irrigação se torne algo de interesse social ou de utilidade pública. Reservar água a nível de propriedade levará a uma perda ambiental no curto prazo, mas a médio prazo, trará ganho de fauna e de flora. Fonte: Jornal do Comércio. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.