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18/Jan/2022

China: demanda de carnes será aquecida em 2022

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a demanda da China pela carne brasileira deve se manter aquecida em 2022, mas as condições climáticas, a evolução da crise sanitária e a eficiência logística serão determinantes para a manutenção do bom desempenho das exportações do agronegócio do Brasil neste ano. A balança comercial do agronegócio brasileiro fechou 2021 com um saldo positivo de US$ 105,1 bilhões, um avanço de 19,8% em relação a 2020, impulsionado pelo aumento nos preços internacionais das commodities. As exportações alcançaram um ápice de US$ 120,6 bilhões em 2021, alta de 19,7% ante 2020. Todos os 15 quinze principais produtos da pauta de exportação do setor, que equivalem a 89,5% das vendas externas em 2021, tiveram alta nos preços médios no ano passado, alguns acima de 20%. Em termos de quantidade, 6 produtos registraram queda, com destaque para a carne bovina (-8,3%, devido ao embargo temporário da China às vendas brasileiras), café (-3,6%, decorrente ao fenômeno de bienalidade negativa na lavoura), e milho (-40,7%, como consequência da quebra na safra brasileira em 2021).

Os três meses de sanções impostas pela China à carne bovina brasileira não mudaram a tendência de crescimento das exportações brasileiras para aquele país. Produtos como soja, carnes suína e de frango compensaram essa queda até novembro. No entanto, a retomada dos embarques de carne bovina para a China, em dezembro, contribuiu positivamente para o resultado anual das exportações. As importações brasileiras do agronegócio subiram 18,9% ante 2020, somando US$ 15,5 bilhões em 2021. Além dos produtos regularmente importados, como trigo, azeite de oliva e pescados, o Brasil também aumentou as compras de soja em grão (5,0%) e milho (133,7%). As vendas do agronegócio brasileiro para a China totalizaram US$ 41,02 bilhões em 2021, uma elevação de 20,6% em relação a 2020, puxada pelos embarques de soja em grãos (70,2%), carne bovina (39,2%), celulose (43,4%), açúcar (15,6%), carne suína (47,7%), carne de frango (14,3%) e algodão (28,9%). A quantidade de carne bovina exportada para a China aumenta a cada ano, mas há potencial de novo crescimento.

O consumo per capita de carne bovina na China ainda é de 6,6 gramas por dia, consideravelmente abaixo da média dos Estados Unidos (38,6 gramas por dia), Brasil (36,3 gramas por dia) e União Europeia (14,7 gramas por dia). Isso sinaliza que a demanda para 2022 pode permanecer aquecida pelo país asiático. Na medida que a renda média do país avança e mais pessoas são incluídas na economia de mercado na China, vem crescendo o consumo de produtos de maior valor agregado, como as proteínas animais. A evolução da crise sanitária, a eficiência logística e as condições meteorológicas serão determinantes para a continuidade do bom desempenho das exportações do agronegócio brasileiro em 2022. A estimativa de safra recorde de grãos para a temporada 2021/2022 já começa a ser revista. Os efeitos da estiagem na Região Sul do Brasil, provocada pelo La Niña, devem afetar a produção nos estados do Rio Grande do Sul e Paraná (principais produtores e exportadores de grãos e proteínas do País).

Na Região Sudeste, principal produtora de café, o prolongado período de estiagem em 2021 pode ter comprometido suas lavouras este ano, justamente em ano de bienalidade positiva, podendo resultar em quebra expressiva da safra 2022/2023, que será colhida nos próximos meses. O ano de 2022 teve início com novas restrições de mobilidade em diferentes países, devido a novas variantes e ao aumento no número de contaminações por Covid-19, o que pode elevar ainda mais os custos de produção e reduzir a produção de alguns itens. A crise sanitária também representa um desafio no transporte de insumos e produtos, uma vez que a desorganização das cadeias logísticas ainda afeta a movimentação de cargas. A falta de contêineres e o descasamento das rotas marítimas, ao mesmo tempo que elevaram os custos do frete, reduziram a disponibilidade de alguns produtos nas principais regiões consumidoras internacionais, elevando as cotações e desacelerando as importações, especialmente no último trimestre do ano. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.