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06/Dez/2021

Suíno: setor em crise no Reino Unido pós-Brexit

Com os abatedouros britânicos em dificuldades para encontrar mão de obra após o Brexit, e com a redução da demanda chinesa, as processadoras estão aceitando menos suínos para o abate, o que faz com que muitos criadores operem com prejuízo. Algumas granjas britânicas estão passando por problemas: pelo menos 14 mil suínos foram sacrificados em granjas incapazes de lidar com o acúmulo de um excedente de mais de 100 mil suínos prontos para o abate em todo o país. Segundo a Associação Nacional de Suínos, os suinocultores perderam estimados 130 milhões de libras esterlinas (R$ 970 milhões) no primeiro semestre do ano. Pelo menos 40 dos cerca de 2 mil suinocultores britânicos registrados no programa de seguros Red Tractor deixaram o setor neste ano.

Outros estão encolhendo os rebanhos, ou, passando a criar animais de outros sob contrato. A maioria dos abatedouros está com 15% a menos de açougueiros qualificados, com uma queda de cerca de 25% dos níveis normais de produção. O governo flexibilizou suas regras pós-Brexit de imigração para ajudar: em outubro, foram distribuídos 800 vistos temporários para açougueiros estrangeiros. Também instituiu um programa para ajudar os abatedouros a armazenar animais abatidos. A concessão de vistos foi obtida após dirigentes do setor terem mostrado a ministros e autoridades fotos e filmes chocantes de suínos sendo sacrificados. Mas, segundo a Associação Britânica de Processadores de Carne, a lentidão do processo de emissão de vistos, juntamente com a avaliação dos açougueiros estrangeiros, é responsável pelo atraso de sua chegada. Há temor de que haja um novo superávit de suínos para abate em virtude das festas de fim de ano.

No Natal, o setor fecha por duas semanas, mas os suínos continuam a dar cria por duas semanas. Esse será o próximo ponto crítico. Os criadores normalmente enviam um excedente de suínos para abate antes do Natal, mas não conseguiram fazer isso devido à limitada capacidade dos abatedouros. O aperto das condições de operação dos criadores foi especialmente agudo porque os custos das rações aumentaram para níveis recordes no ano passado. No longo prazo, deve haver novos custos, gerados pela legislação de bem-estar social e ambientais em processo de implementação. Os suinocultores têm de pagar multas a processadores por suínos com excesso de peso mantidos por tempo demais nas granjas. As remessas conhecidas como “carregamentos problemáticos” de suínos abatidos, cortados em seis pedaços e remetidos ao exterior a preços muito reduzidos abalaram as cotações de mercado nas últimas semanas.

Alguns criadores têm muito excedente de suínos, embora os que estão sendo obrigados a sacrificá-los relutem em falar publicamente e chegaram a pedir aos seus veterinários que abortassem leitõezinhos não nascidos para atenuar a superpopulação. Há revolta entre os suinocultores porque, enquanto muitos operam atualmente de forma deficitária, as processadoras ainda estão registrando lucros. A processadora de carne Cranswick, com ações negociadas em bolsa, divulgou na semana passada um aumento de 12,5% no lucro antes dos impostos, se comparado ao mesmo intervalo do ano passado, que passou a somar 68,3 milhões de libras esterlinas no período de seis meses encerrado em setembro, embora a receita em bases comparáveis apurada com a carne suína “in natura” tenha caído.

A Cranswick está processando carcaças nos fins de semana para reduzir o volume de produção em atraso e que espera que sua unidade de Norfolk, uma das três do Reino Unido que abriram mão de suas licenças de exportação para a China no ano passado após os surtos de Covid-19, conseguirá em breve retomar as vendas para a China. A ministra britânica do Meio Ambiente afirmou que tudo indica que foram abatidos mais suínos desde que começou o sacrifício, em outubro, do que o estimado anteriormente. Uma empresa de transportes informou ter retirado 250 toneladas de carcaças de suínos sacrificados por semana, o que equivale a 1,6 mil suínos maduros ou a 35 mil leitões. Fonte: Valor Econômico. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.