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03/Dez/2021

Plant Based: consumo perdendo mercado nos EUA

A “carne” de origem vegetal está perdendo seu apelo nos Estados Unidos. O declínio das vendas coloca em dúvida a perspectiva de essa nova categoria abocanhar de fato uma parte do mercado de proteína animal. Nas quatro semanas até o dia 3 de outubro, as vendas das proteínas à base de plantas nos Estados Unidos caíram 1,8% em comparação com o mesmo período do ano passado. Em 2021, a queda acumulada é de 0,6%. O forte aumento das vendas de “carne” à base de plantas no começo da pandemia, em 2020, estabeleceu um grande desafio para a manutenção do crescimento neste ano, mas esse não é o único fator para a queda. A demanda também começou a cair porque, com o fim gradual das restrições de circulação, os consumidores passaram a comer menos em casa. Além disso, em virtude de problemas nas cadeias de abastecimento, alguns produtos começaram a faltar nas lojas. Em outras partes do mundo, a chegada de novos produtos ao mercado aumentou a competição pela preferência dos consumidores.

Os Estados Unidos são o maior mercado para as “novas carnes” vegetais que simulam a carne de verdade em sabor e textura. A notícia sobre a queda das vendas surge depois da divulgação de números fracos de receita da Beyond Meat e do grupo canadense Maple Leaf Foods nas últimas semanas. A Maple Leaf é dona da Green Leaf, empresa especializada em proteínas à base de plantas. De acordo com a Maple Leaf, nos últimos seis meses, houve inesperadamente uma rápida desaceleração nas taxas de crescimento da categoria de proteínas à base de plantas. A queda de 6,6% das vendas de proteínas à base de plantas da companhia é creditada ao declínio em toda a categoria que vai de alimentos refrigerados a serviços de alimentação. A empresa está analisando as causas para tentar entender as mudanças no mercado. A Maple Leaf superou as expectativas de receita com um aumento das vendas de 13,4% em sua divisão de carne de verdade. A análise do mercado de proteínas à base de plantas levará a uma redução dos investimentos e gastos com marketing, o que deverá melhorar os resultados no ano que vem.

As ações da Beyond Meat caíram desde que ela divulgou vendas de US$ 106 milhões para o terceiro trimestre. A projeção anterior era de vendas de US$ 120 milhões a US$ 140 milhões. Segundo a empresa, a queda deveu-se ao fato de os consumidores estarem fazendo menos viagens e se mostrarem menos abertos a experimentar novos produtos, além de estarem menos interessados em opções saudáveis. Também pode-se citar as oportunidades menores de amostragem de produtos, uma vez que a disseminação da variante Delta do coronavírus limitou a exposição dos produtos aos consumidores. A queda nas vendas acontece no momento em que mais startups e empresas de alimentos oferecem novos produtos à base de plantas. Os concorrentes mais novos estão oferecendo “cortes” realistas de carnes com o uso de tecnologias como a impressão 3D. Com as “carnes” à base de plantas ainda custando de 30% a 40% mais que a carne verdadeira, e com a necessidade de melhorar os sabores e texturas, a categoria precisa, para continuar crescendo, aumentar a capacidade de produção, o que reduziria os custos, e investir mais em pesquisa e desenvolvimento.

As preocupações com o impacto ambiental da pecuária e com o bem-estar animal na cadeia de produção de carne estimularam os investimentos em proteínas alternativas nos últimos anos. Em 2020, startups de proteínas alternativas levantaram um recorde de US$ 3,1 bilhões em capital, dos quais as “carnes, laticínios e ovos” à base de plantas ficaram com US$ 2,1 bilhões. Os investidores parecem otimistas com a categoria. A Impossible Foods anunciou neste mês que fechou uma rodada de financiamento de US$ 500 milhões, o que elevou para quase US$ 2 bilhões o montante dos aportes desde que ela foi fundada, em 2011. Alguns executivos acreditam que a queda das vendas é temporária. A Kellogg, que controla a marca MorningStar Farms de produtos à base de plantas, afirmou que uma pesquisa da empresa com consumidores mostrou que ainda há muito entusiasmo e empolgação com as alternativas vegetais à carne. Fontes: Valor Online e Financial Times. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.