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02/Dez/2021

Carnes: divulgado ranking global da Fairr Initiative

As quatro principais companhias produtoras de proteína animal do Brasil, JBS, Marfrig, Minerva e BRF, subiram posições e melhoraram sua situação, de 2020 para 2021, no ranking de sustentabilidade da Fairr Initiative (associação que reúne investidores globais com uma carteira de US$ 45 trilhões). A Marfrig, inclusive, passou a ser considerada uma companhia de "baixo risco" para investidores, de acordo com critérios ESG (ambientais, sociais e de governança). Mesmo com números mais positivos no ranking deste ano em relação ao anterior, a Fairr adverte que essas companhias ainda não conseguem rastrear a origem de todos os seus produtos, o que dificulta, por exemplo, o corte de emissões de gás metano. O Brasil foi um dos países que se comprometeram a cortar em 30% as emissões de gás metano até 2030, na 26ª Conferência do Clima, em Glasgow, Escócia. O monitoramento de fornecedores indiretos de gado, ponto crítico de estímulo ao desmatamento, também deixou a desejar.

Com base no Fairr Index, os investidores associados norteiam suas aplicações pelo mundo, preferindo, claro, destinar recursos a companhias que representam baixo risco ao meio ambiente. Sob este aspecto, um dos investidores associados, o fundo Aviva, lamenta que 86% dos maiores fornecedores mundiais de carne e laticínios ainda não conseguem definir metas de redução de emissões. Isso mostra o quanto essas empresas ainda têm a avançar, lembrando que, cada vez mais, eventos climáticos prejudicam os resultados financeiros dessas mesmas companhias e os investidores podem exigir que elas façam as mudanças acontecerem mais rapidamente. Ao todo, 60 empresas globais produtoras de proteína animal (carnes, laticínios, ovos e peixe) são avaliadas anualmente, com base em dados públicos fornecidos pelas próprias empresas, como relatórios anuais de sustentabilidade, além de questionários direcionados pela Fairr Initiative às empresas. Essas empresas, todas listadas em bolsa, têm valor estimado de US$ 363 bilhões; 49 produzem principalmente carne e laticínios e 11 são do setor de aquicultura. Todas são fornecedoras de gigantes como McDonald's, KFC e Carrefour.

Há quatro classificações aplicadas pelo Fairr Index: alto risco (ou seja, a empresa está significativamente exposta a riscos ambientais, sociais ou de governança e tem pontuação abaixo de 31%); médio risco (empresa moderadamente exposta a riscos ESG, com pontuação que varia de 31% a 60%); baixo risco (pouco exposta a riscos ESG, com pontuação ficando entre 60% e 91%) e risco mínimo (minimamente exposta a riscos ESG e exemplo de mitigação de gases do efeito estufa, com pontuação acima de 91%). Enquanto Marfrig foi classificada como "baixo risco" (suas práticas estão menos expostas a riscos ESG), JBS e BRF continuam na categoria de "médio risco", mas melhoraram a pontuação no índice Fairr, e estão muito próximas de serem consideradas de baixo risco. A Minerva também melhorou, deixando de ser de alto risco e passando a ser de médio risco, mas se mantém como a última das brasileiras no ranking, na 25ª posição entre as 60 empresas avaliadas. A Marfrig subiu, na avaliação do ano passado para este, 8% na classificação da Fairr, passando de 57% para 65%, mas caiu uma posição porque outras empresas se sobrepuseram a ela na classificação geral, saindo de 4º para 5º lugar no ranking das 60 companhias avaliadas.

A BRF, apesar de ainda classificada como de “médio risco”, subiu da 11ª para a 9ª posição este ano, saltando de 45% para 59% no índice Fairr, estando a apenas 2% para ser classificada como uma companhia de baixo risco. A JBS melhorou bastante suas boas práticas, subindo 10%, saindo de 47% em 2020 para 57% na pontuação do ranking de 2021, estando a 4% de se tornar uma empresa de “baixo risco”, mas continua sendo de “médio risco”. No entanto, como outras empresas avançaram mais, caiu da 9ª para 11ª colocação no ranking geral. A Minerva, por fim, subiu cinco posições, da 30ª para a 25ª colocação, e melhorou seu índice de 23% para 37%. Assim, deixou de ser de alto risco e agora é uma empresa considerada de médio risco para investimento. Um ponto importante destacado pela Fairr é o volume insuficiente de informações fornecido pelas companhias de proteína animal, não só as brasileiras.

E, principalmente, falta de padronização nos dados apresentados, o que facilitaria a comparação entre todas as companhias. Sob este aspecto, o relatório Fairr diz que, dos três pedidos de informação que a associação solicita anualmente às empresas (metodologia, respostas a questionário online e retorno sobre os questionamentos posteriores), além de análise de documentos públicos, apenas a Minerva (entre as brasileiras) deu 100% de retorno. A Minerva é a única brasileira que consta nos agradecimentos da Fairr por ajudar com os dados. Das 60 empresas avaliadas, apenas 32 responderam de forma completa a todos os pedidos de informações. A Marfrig, por exemplo, mesmo tendo melhorado sua classificação, só atendeu ao terceiro pedido de retorno sobre os questionamentos da Fairr, assim como a BRF. A JBS, por sua vez, atendeu aos dois últimos pedidos, mas não esclareceu suas metodologias ligadas a práticas ESG. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.