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02/Dez/2021

Carnes: Fairr Initiative avalia companhias do setor

A Fairr Initiative faz vários recortes, no Índice Fairr de ESG, para avaliar as companhias e consolidar os dados em um índice geral. Os critérios de avaliação são dez: emissão de gases do efeito estufa; desmatamento e biodiversidade; uso e escassez de água; desperdício e poluição; uso de antibióticos; bem-estar animal; condições de trabalho; segurança alimentar; governança e proteínas sustentáveis. Em relação a um dos aspectos mais sensíveis para as companhias de proteína animal do Brasil, o desmatamento, JBS, Marfrig e Minerva tiveram avanço significativo, enquanto BRF evoluiu pouco. Mas, a Fairr adverte que, em relação a acordos para cessar o desmatamento, até mesmo gigantes da carne, com metas de desmatamento zero, como JBS e Marfrig, que são fornecedoras do McDonald's, não conseguem visibilidade total da origem do gado de terceiros, ou seja, dos fornecedores indiretos da cadeia produtiva de bovinos.

A Marfrig teve melhora excepcional neste quesito, subindo 31%, de 27% para 58%, deixando de ser de alto risco e sendo, agora, de “médio risco” para este tema. A JBS, por sua vez, passou a ser considerada como "de baixo risco" para o quesito desmatamento e biodiversidade, subindo 26% no ranking, de 42% para 68%. A Minerva deixou de ser empresa de “alto risco” e agora é de “médio risco”, graças ao crescimento de 17%, indo de 19% para 36%. Por fim, a BRF demonstrou crescimento tímido, de apenas 5%, indo de 23% para 28%, mantendo-se como empresa de alto risco para o item desmatamento e biodiversidade. Quanto à emissão de gases do efeito estufa, Marfrig agora é de “baixo risco”, saindo de 41% para 71%. Ela foi a única que ultrapassou a meta mínima da Fairr, de 60%. A JBS ficou a 1% de cumprir esta meta, passando de 30% (alto risco) para 59% (médio risco). A BRF também não cumpriu a meta Fairr, saindo de 24% para 52%, e sendo considerada de “médio risco”.

Minerva, igualmente, embora tenha melhorado seu desempenho em relação ao quesito, de 13% para 24%, segue sendo de “alto risco”. Um dos pontos destacados no relatório Fairr deste ano é o imenso potencial de emissão de metano por parte das criações animais no mundo, lembrando que vários países, incluindo o Brasil, se comprometeram, na 26ª Conferência do Clima, em Glasgow, na Escócia, a reduzir em 30% as emissões globais deste gás do efeito estufa até 2030. Segundo o Fairr Index, o volume de resíduos, ou esterco, produzido por 70 bilhões de animais processados por ano no mundo é equivalente a duas vezes os resíduos produzidos pela população humana global. Sob este aspecto, as 60 companhias globais de proteína animal avaliadas pela associação ainda deixam a desejar: apenas 18% delas rastreiam suas emissões parciais de metano. As metas ligadas à emissão de metano da COP-26 passaram uma grande fatia de responsabilidade para a cadeia produtiva de alimentos e o setor agrícola.

Ainda assim, as falhas de gestão na emissão de metano pelos animais reforçam a sensação do mercado de que as vacas são o novo carvão. Atualmente, apenas 20% das gigantes da carne e laticínios no mundo medem suas emissões de metano. Isso deve ser uma bandeira vermelha para os mercados, tendo em vista a decisão de reduzir as emissões globais. Outro ponto sensível para os investidores associados à Fairr Initiative, o crescimento do mercado de proteínas alternativas, feitas à base de plantas ou com carnes cultivadas em laboratório (que demandariam menos recursos naturais) teve um sensível avanço no Fairr Index deste ano. Assim, quase metade, ou 28 de 60 companhias globais de proteína animal, agora investem em proteínas alternativas, em comparação com apenas 15 do ranking de 2019. Sete empresas de carnes relatam investimentos em carnes cultivadas. Por exemplo, a JBS anunciou com investimentos na aquisição de uma empresa de carne cultivada espanhola e de um centro de pesquisa e desenvolvimento de carne cultivada. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.