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23/Nov/2021

Boi: preço se recupera mesmo sem vendas à China

Ficou famoso um grupo terrorista palestino, que se autodenominou Setembro Negro. Escolheu esse nome por causa da expulsão dos palestinos da Jordânia na década de 70 do século passado. E o que isso tem a ver como mercado pecuário? Nada além do nome fúnebre. Fazendo uma má comparação, a pecuária brasileira viveu um setembro e um outubro negros em função da suspensão pelo governo brasileiro da exportação de carne bovina para a China. A suspensão foi decidida em função do anúncio, feito pelo Sistema de Serviço de Inspeção Federal (SIF), de dois casos atípicos de encefalopatia espongiforme bovina.

Reza no protocolo entre China e Brasil que fatos assim devem ser imediatamente comunicados e o trânsito de mercadorias suspenso. O Brasil fez isso, cumpriu o protocolo, mesmo sabendo que o caso não implicava em transmissão da doença. A Organização Internacional de Epizootias endossou o laudo brasileiro, confirmando que o caso não se tratava de uma epizootia e manteve a condição sanitária brasileira de baixíssimo risco de transmissão dessa doença através do consumo de carne bovina. E por que a exportação não desembucha? Ninguém sabe. O que se sabe é que o protocolo tem que ser mudado, não é possível que uma situação dessas se repita.

A exportação de carne bovina não foi retomada porque os chineses decidiram assim. E em função dessa atitude, a cotação da arroba do boi gordo, que vinha firme há meses e meses, sucumbiu. A cotação, livre de impostos, que em 31 de agosto estava em R$ 305,50 por arroba, afundou até R$ 258,00 por arroba em 29 de outubro. Mas, como não há bem que sempre dure e nem mal que nunca se acabe, a cotação finalmente encontrou um piso e, para o bem de todos, reagiu. E reagiu sem a China ter retomado os embarques. A cotação em 17 de novembro estava em R$ 295,50 por arroba, livre de impostos. A queda foi dramática, pois o mercado interno está incapaz de absorver qualquer quantidade extra de produto.

Não absorveu, entre outros motivos, porque o repasse da queda do preço da arroba do boi gordo para a carne não aconteceu ou não foi suficiente para estimular o consumo. O preço do miolo de alcatra no varejo em São Paulo, por exemplo, não caiu, e até subiu um pouco. Em 25 de agosto o preço médio era de R$ 47,62 por Kg e, em 27 de outubro, estava em R$ 47,98 por Kg. Em 17 de novembro, estava em R$ 47,92 por Kg. E o que deverá acontecer nas últimas semanas do ano? Sem a pressão da oferta de gado confinado, com o pagamento do décimo terceiro salário, prêmios e bonificações, a expectativa é de preços firmes, na fazenda e no mercado varejista. Novembro e dezembro deverão ser a antítese de setembro e outubro. O vale de lágrimas passou. Fonte: Alcides Torres. Agência Estado.