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25/Out/2021

Embargo chinês derruba boi, mas não afeta carne

A suspensão das exportações de carne bovina para a China, que já dura mais de um mês e meio, abalou a cadeia de produção da pecuária. Com a queda na procura por boi gordo pelos frigoríficos, a cotação da arroba teve forte retração no campo. Porém, os preços da carne bovina continuaram praticamente firmes tanto no atacado, quanto no varejo, sem trazer alívio para o bolso do consumidor. No interior paulista, por exemplo, a cotação média da arroba caiu 13% entre agosto, antes do embargo, e meados de outubro. No mesmo período, o preço da carne desossada no atacado paulista recuou apenas 1%. Já no varejo da cidade de São Paulo, as carnes bovinas ficaram 0,6% mais caras nas últimas quatro semanas até 18 de outubro, conforme aponta o Índice de Preços ao Consumidor da Fipe. O descompasso do movimento dos preços entre campo, atacado e varejo ocorre porque os elos da cadeia reagem de forma diferente.

Com a exportação para a China parada, os frigoríficos cortaram os abates e as compras de boi gordo. Os frigoríficos trabalham hoje com uma ociosidade de 50%. Essa freada nas compras derrubou o preço do boi gordo, não só em São Paulo, mas também em diversas praças do Brasil. Como nem todas as partes do boi são exportadas, com a diminuição dos abates em geral, o efeito imediato é uma menor oferta de carnes que geralmente ficam no mercado interno, como os cortes traseiros (carne de primeira), já que o dianteiro (carne de segunda) normalmente é voltado para exportação. Essa menor disponibilidade acaba sustentando os preços ao consumidor. Além da redução na escala de abates, outro fator que tem contribuído para manter as cotações da carne no atacado e no varejo, não refletindo, assim, o que ocorre no campo. Como a arroba ficou por muito tempo com preço elevado, a margem do frigorífico diminuiu.

Agora, com esse alívio no preço do boi, os frigoríficos estão usando essa oportunidade para recuperar o que perderam. Do ponto de vista das exportações, a falta de sinalização da China de até quando vai o embargo ao produto brasileiro também causa estragos. As vendas foram suspensas depois do registro de dois casos atípicos do “mal da vaca louca”, em Minas Gerais e em Mato Grosso. Com o impasse, o Brasil já deixou de vender para a China cerca de 100 mil toneladas de carne bovina neste mês de outubro. Esse volume renderia US$ 600 milhões em divisas. Para chegar a esse número, consideramos a média dos embarques dos últimos três meses. Por enquanto, o prejuízo é pequeno. Se nada acontecer até o final do ano, o Brasil vai deixar de exportar US$ 1,5 bilhão em três meses. O quadro mais pessimista seria o embargo não ser resolvido nos próximos 12 meses.

Neste caso, a perda de venda externa alcançaria US$ 6 bilhões. Aí sim, seria muito impactante. É claro que, neste caso, a saída seria buscar novos mercados. Mas a China ainda é o grande mercado e responde por mais 50% das exportações brasileiras de carne bovina. O que intriga a todos neste momento é a falta de interesse da China de resolver a questão. No passado, um episódio semelhante foi equacionado em 13 dias. Pelo tempo decorrido desde o início da suspensão, em 4 de setembro, o que se desconfia é que possa haver algum componente político de represália da China ao Brasil, que já está passando dos limites técnicos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.