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26/Ago/2021

‘Leite’ vegetal: diversas opções para o consumidor

“Leite” de aveia, amêndoas, castanha-de-caju, coco, arroz. Não faltam opções de bebidas vegetais além da soja. Essa cultura, que por muito tempo dominou o mercado, com o peso do agronegócio e dos transgênicos, vem perdendo espaço para novas alternativas, que crescem com a pegada vegana e sustentável e a promessa de melhor experiência de consumo, para atender um público mais consciente. O surgimento de foodtechs (as startups de alimentação) a partir de 2014, tais como Positive Brands (A Tal da Castanha), VidaVeg, Isola Bio e NotCo, abriu o leque de possibilidades no setor ao trazer inovações em ingredientes, rótulos limpos (clean label), sabores e texturas mais similares ao leite animal, inclusive no aspecto nutritivo. Pesquisa feita pela Dupont na América Latina, em 2020, indica que 67% dos brasileiros têm interesse em proteínas vegetais, o que explica o crescimento do consumo e de empresas no País nos últimos anos.

Somando gigantes de alimentos, hoje há 44 marcas no Brasil atuando no mercado de bebidas vegetais em nível nacional, segundo mapeamento realizado em agosto pelo The Good Food Institute (GFI). Embora predominante, o consumo do leite de soja caiu 64% em volume nos últimos cinco anos (2016-2021), enquanto bebidas feitas com outras matérias-primas, como amêndoas, coco e castanha-de-caju, cresceram 540% no mesmo período no Brasil. É o que mostram dados atualizados da Euromonitor International. A previsão, até 2026, é de alta de 84%, enquanto a soja amargará uma queda de 52%. Hoje, o consumo das bebidas de soja ainda é superior às demais alternativas, que são categorias recentes no Brasil. Mas, a perspectiva é de que nos próximos anos esses volumes vão se igualar com a queda da soja. Houve uma mudança de percepção em relação ao impacto ambiental da soja, associada ao agronegócio não sustentável.

As projeções indicam que as novas matérias-primas devem valer mais do que o dobro das bebidas de soja até 2026, o equivalente a R$ 376,9 milhões, ante R$ 148,7 milhões da soja. China, Estados Unidos, Alemanha, Espanha e Reino Unido lideram a corrida de leites vegetais, mas o Brasil segue acompanhando a tendência e tem grande oportunidade de evolução. A marca mineira Vida Veg, por exemplo, aumentou em 85% a venda de leites vegetais de janeiro a julho deste ano, em comparação com o mesmo período de 2020. A previsão é dobrar o faturamento do ano passado, que já foi superado. Na última semana, a empresa, no mercado desde 2015, recebeu aporte de R$ 18 milhões da X8 Investimentos, gestora que tem Bill Gates como parceiro. Segundo a Vida Veg, os recursos serão usados em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, tecnologia e ampliação da fábrica em Lavras, no sul de Minas Gerais.

Inaugurado em 2020, o espaço tem, atualmente, capacidade produtiva de 900 toneladas por mês, sendo 565 toneladas de leite vegetal, distribuídos para 4 mil pontos de venda em todo o País. A perspectiva é de, até 2025, crescer dez vezes o faturamento em relação a 2020. O mais novo produto da Vida Veg, que chega aos supermercados neste mês, é o Veg Milk, um blend de castanha-de-caju e coco fresco que se propõe a ter o mesmo valor nutricional do leite de vaca. O diferencial é que, além de comercializar o leite longa vida (UHT), foi desenvolvida a tecnologia de leites frescos. Com tratamento térmico mais brando, a bebida fresca ajuda a preservar os micronutrientes, a cremosidade e o sabor. Para lançar o Veg Milk, a empresa fez uma pesquisa entre consumidores que ainda não substituíram a bebida de origem animal. Os motivos apontados foram a quantidade de proteínas e cálcio e a cremosidade do leite de vaca. Em termos nutricionais, o Veg Milk traz o mesmo valor de proteína e cálcio de um leite de vaca, e é enriquecido com biocálcio orgânico, magnésio e vitaminas D e K2.

Por usar tecnologia própria, chega ao mercado a um custo aproximado de R$ 9,98 (700ml), valor inferior à média do mercado plant-based. No caso da Positive Brands, pioneira no Brasil com o leite A Tal da Castanha, em julho deste ano a marca lançou a linha Possible com 40% da necessidade diária de cálcio e valor mais competitivo. A caixinha de Possible custa cerca de R$ 13,90 por litro, enquanto o A Tal da Castanha tem preço médio de R$ 19,90 por litro. A bebida, à base de castanha-de-caju orgânica, tem sabor e textura mais parecidos com o leite de vaca, para atrair consumidores que ainda não conseguiram encontrar um substituto para a bebida animal. Além do Possible, a foodtech, que nasceu como uma startup dentro da indústria de castanha-de-caju em Fortaleza (CE), tem outros nove tipos de leite com bases vegetais variadas. Entre os lançamentos mais recentes da empresa, estão a bebida de aveia e uma linha infantil vegana. Ainda estão previstos para este ano novos produtos prontos para beber.

Houve um crescimento muito expressivo na pandemia. De 2019 para 2020, o faturamento passou de R$ 27 milhões para R$ 45 milhões. Para este ano, a expectativa é de chegar aos R$ 90 milhões, uma alta de quase 100% ao ano. A joint venture com o Grupo 3Corações em 2020, que detém 50% da Positive Brands, ajudou a companhia a ganhar capilaridade e velocidade para penetração no mercado. De 2019 para 2020, aumentaram de 7 mil para 22 mil pontos de venda e devem chegar aos 30 mil até o fim do ano, fora o e-commerce e negócios fechados com marcas estratégicas, como a rede Starbucks. Assim como a Veg Milk, a Positive Brands também pretende iniciar, até o próximo ano, o processo de internacionalização da marca, inicialmente para os Estados Unidos e para alguns países da Europa. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.