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13/Ago/2021

Boi: Marfrig surpreende com resultados favoráveis

Marcos Molina não dá ponto sem nó. Depois de gastar US$ 1,2 bilhão numa tacada que surpreendeu o mercado pela velocidade, a Marfrig montou uma posição de 31,6% na BRF em praticamente três semanas, a companhia liderada pelo empresário mostrou ontem por que tinha tanta bala na agulha. A Marfrig não só gerou caixa suficiente para bancar o investimento na dona da Sadia como está propondo adiantar um dividendo de R$ 958,4 milhões, um yield de quase 7% naquele que promete ser o ano de maior pagamento de proventos aos acionistas já feito pelo grupo. A companhia também está lançando um novo programa de recompra de até 23 milhões de ações, o equivalente a R$ 448,9 milhões, válido por um ano e meio, e cancelando 20 milhões de ações em tesouraria, num indicativo de que o management acredita que os papéis estão subvalorizados mesmo com uma alta de 36,8% no ano. Na B3, a Marfrig vale R$ 13,9 bilhões.

A responsável pela façanha continua sendo a National Beef, negócio norte-americano de carne bovina que vem gerando caixa a ponto de diluir o estrago causado pela disparada do boi gordo no Brasil, onde as margens da Marfrig continuaram a se deteriorar no segundo trimestre. No balanço divulgado no dia 11 de agosto, o grupo brasileiro teve um fluxo de caixa livre de R$ 2,2 bilhões um lucro líquido de R$ 1,7 bilhão no segundo trimestre, um aumento de 9% na comparação anual. A última linha do balanço bateu o consenso de mercado da Bloomberg, de R$ 1,2 bilhão. O Ebitda trimestral somou R$ 3,9 bilhões, queda de 3,6%, por causa da piora do negócio no Brasil, mas acima dos R$ 3 bilhões que os analistas previam. A National Beef vem conseguindo sustentar um nível de margem que parecia anormal de tão alta para os padrões pré-pandemia, um cenário que também ajuda as concorrentes Tyson e JBS USA.

Quando a National Beef alcançou 24% de margem Ebitda no segundo trimestre de 2020, parecia um evento fora da curva, reflexo do fechamento de vários frigoríficos nos Estados Unidos, as indústrias norte-americanas foram um foco de disseminação de Covid-19, levando a uma disparada no preço da carne. Mas, beneficiada por uma combinação de ampla oferta de gado nos Estados Unidos, demanda aquecida pela barbecue season e alta de 30% no preço de exportação da carne americana, a National Beef entregou agora uma margem Ebitda de 24,3%, um novo recorde. “Com os restaurantes reabrindo nos Estados Unidos, vimos o food service melhorando dramaticamente”, disse o CEO da National Beef, Tim Klein, ao Pipeline. De acordo com ele, o estoque de gado que deixou de ser abatido no ano passado, quando muitos frigoríficos estavam fechados, continua beneficiando o grupo. Na América do Sul, o custo do gado no Brasil e as dificuldades logísticas cobraram um preço alto.

A margem Ebitda da operação sul-americana ficou em apenas 3,6% no segundo trimestre, uma queda de 10 pontos na comparação anual. Segundo Miguel Gularte, CEO da Marfrig, a escassez de contêineres atrasou exportações, tirando dois pontos percentuais do Ebitda da companhia e aumentando os estoques em R$ 700 milhões. Apesar disso, o pior parece estar ficando para trás, e a tendência é de recuperação de margens nos próximos trimestres na América do Sul, que só responde por 24% do faturamento. Como um todo, a receita líquida da Marfrig alcançou R$ 20,5 bilhões no segundo trimestre. Na estrutura de capital, a compra da participação na BRF não foi capaz de causar grandes impactos na alavancagem. Por ser um investimento passivo, a Marfrig trata o aporte como um ativo equivalente a caixa, o que faria com o índice de alavancagem ficasse até menor no segundo trimestre (em 1,45 vez, ante 1,7 vez em março). Considerando o investimento na dona da Sadia, o indicador ficaria em 1,97 vez. Fonte: Valor Online.