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11/Ago/2021

Boi: rentabilidade positiva do confinador em 2021

Neste início de segundo semestre, as atenções de agentes do setor pecuário nacional se voltam para a produção de boi gordo em confinamento. Assim como no ano passado, as preocupações de pecuaristas estão relacionadas especialmente aos elevados custos do boi magro e da alimentação. Assim, enquanto alguns pecuaristas decidem se enviam um maior volume de bovinos para confinamento, outros ainda avaliam se vão engordar os bois por esse sistema. De Fato, as margens de produtores em 2021 devem

ficar mais apertadas em relação às verificadas no ano passado, mas ainda podem ser positivas. Quando analisado o confinamento de bovinos no Brasil, o maior custo se recai sobre os preços dos bovinos de reposição. Os gastos com reposição no País podem corresponder de 60% a 75% dos custos totais, dependendo da região e do tipo de bovino adquirido.

Até meados de julho, o boi magro era negociado no interior de São Paulo a R$ 4.234,94 por cabeça, em média. Esse valor estava 4,68% superior ao de janeiro/2021 e 7,58% acima do de julho do ano passado, em termos reais (os valores mensais foram deflacionados pelo IGP-DI de junho/2021). Apesar de essa alta não ser tão intensa, ela foi verificada sobre um patamar de preço que já estava elevado. No ano passado, o bovino de reposição registrou valorização de 13,94% de janeiro a julho. Quanto à alimentação, esta chega a representar de 20% a 35% dos custos de confinamento no Brasil. E o milho, por sua vez, é o principal item da alimentação. O cereal negociado em Campinas – SP (Indicador ESALQ/BM&F) registrava média de R$ 94,60 por saca de 60 Kg até meados de julho, 1,83% acima da observada em janeiro deste ano e 46,33% superior à de julho/2020, em termos reais. De janeiro a junho do ano passado, por outro lado, os valores do milho registraram queda real de 10,16%.

Ressalta-se que, nas primeiras semanas de junho, os preços do milho caíram com certa força no mercado brasileiro, influenciados especialmente pela proximidade da colheita da 2ª safra de 2021 e pela desvalorização do dólar frente ao Real. Já no final do mês, os valores retomaram o movimento de alta, mesmo diante do avanço da colheita. Essa reação ocorreu após geadas terem sido observadas em algumas regiões, o que deixou produtores de milho em alerta e afastados do mercado spot. Até meados julho, o ritmo de alta seguia firme, com o cereal voltando a ser negociado próximo de R$ 100,00 por saca de 60 Kg. Do lado da receita, o pecuarista que colocar o bovino no confinamento em julho, por exemplo, pode ter como base os preços negociados na B3 para o contrato Outubro/2021, que operava em torno de R$ 327,00 por arroba em meados de julho.

Simulação mostra que um pecuarista que adquirir um boi magro em julho, que, por sua vez, entraria no confinamento no mesmo mês, para permanecer neste sistema por, em média, 95 dias, consumindo milho comprado também em julho e que seria abatido em outubro deste ano, pode ter rentabilidade de até 4,17% ao mês (chegando a 13,99% em 95 dias). Destaca-se que, para esta simulação, foi considerado peso de ganho diário de 1,7 Kg o rendimento de carcaça de 55%. Tomando por base 3 cenários para a projeção de rentabilidade tem-se. Um primeiro cenário considerou os preços futuros do boi gordo do dia 14 de julho (contratos Outubro/2021, Novembro/2021 e Dezembro/2021); um segundo levou em conta um cenário mais pessimista, com queda de 5% no preço apontado para os contratos; e o terceiro, considerou alta de 5% no valor dos referidos vencimentos. Nestes três cenários, e mantendo-se as premissas técnicas-econômicas e alterando-se, portanto, apenas os preços de venda do boi gordo, a rentabilidade no final do ano varia entre 7,16% e 18,43% para o ciclo do segundo semestre.

Como comparação, com os preços deflacionados, o confinador do interior de São Paulo que decidiu confinar no mesmo mês do ano passado pagou um milho a R$ 46,24 por saca de 60 Kg e boi magro de R$ 3.936,37 por cabeça, e, nas mesmas condições de tempo de cocho, de ganho de peso e de rendimento de carcaça e vendendo o boi gordo em outubro a R$ 291,02 por arroba (preços reais), conseguiu rentabilidade de até 7,59% ao mês e 25,66% no período. Em 2020, ressalta-se que, apesar do custo bastante elevado, houve incremento muito forte na receita, garantindo uma boa margem. Em 2021, se o pecuarista fizer uma boa gestão, deve obter lucro com o confinamento. É importante mencionar, também, que as estratégias de investimentos de cada produtor devem ser pautadas no que aconteceu no passado, e, principalmente na capacidade de cada um de fazer sua atividade. Os números estão na mesa e devem ser trabalhados para que a estratégia traga resultados positivos e não surpresas para o pecuarista. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.