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10/Ago/2021

Boi: China vai influenciar preço no Brasil em 2022

Mais da metade da carne bovina que o Brasil exporta vai para a China. Por isso, o país asiático deve influenciar bastante os preços da pecuária brasileira em 2022, quando o segmento entra em um ciclo de um aumento de oferta. Consultorias divergem tanto sobre o ritmo de recuperação do rebanho suíno chinês quanto sobre até qual patamar a arroba do boi gordo pode descer. Na previsão mais pessimista, em 12 meses, a cotação pode cair mais de 15% em relação aos recordes registrados em junho. Segundo o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço é de R$ 312,95 por arroba. Isso significa que os preços no País recuaram quase 3% desde 28 de junho deste ano, quando atingiram a máxima histórica de R$ 321,90 por arroba, mas estão 37,6% acima do valor registrado no mesmo período do ano passado e 103% acima do patamar de 2019. Dois anos atrás, tanto as cotações do boi gordo quanto as do bezerro começaram sua trajetória de forte valorização.

À época, além de a disponibilidade de animais de reposição estar bastante reduzida, a China havia entrado no mercado com um apetite voraz por proteínas que pudessem substituir a produção local de carne suína, reduzida após o país ser obrigado a abater praticamente metade de seu rebanho por causa de um surto de peste suína africana (PSA). O preço do bezerro anelorado subiu 120% desde julho de 2019, saindo de R$ 1.320,00 para R$ 2.900,00. Nesse mesmo intervalo, o boi gordo mais do que dobrou, saindo de R$ 154,00 por arroba para R$ 312,00 por arroba. Agora, ao mesmo tempo que o rebanho suíno chinês está em franca recuperação e o país caminha para retomar, em 2022, os níveis de produção pré-peste suína africana, a oferta brasileira de bezerros, garrotes e bois magros tende a aumentar, já que os pecuaristas começaram a reter fêmeas no fim de 2019, de olho no cenário favorável que se desenhava para os bovinos de reposição.

A cotação deve ficar acima de R$ 300,00 por arroba em São Paulo entre maio e junho de 2022. A estratégia de reter fêmeas também provoca, no curtíssimo prazo, uma queda na oferta, já que são menos bois indo para o gancho. Assim, a disponibilidade de bovinos pode demorar um pouco mais para alcançar o ritmo de abates, pois é uma atividade de ciclo longo. Demora para que o movimento seja traduzido em aumento de rebanho e ritmo de abate. Porém, a dependência que o Brasil tem da China, para onde vão direta ou indiretamente metade das exportações de carne bovina nacionais, dá condições para a queda nos preços, uma vez que o mercado interno não se mostra em condições de absorver a proteína nos patamares atuais. Mas, há possibilidade de os abates na China não serem um reflexo direto da recuperação do rebanho, mas também de uma estratégia de mercado dos produtores, em meio ao receio de uma nova onda de peste suína africana no país.

Discute-se a possibilidade de que os pecuaristas estejam com medo de perder seus contingentes e por isso estão entregando aos frigoríficos mesmo que seja para ganhar menos. Assim como ocorreu na carne bovina, os preços do milho e do farelo soja, usados na composição de rações, subiram fortemente nos últimos anos. Mas, diferentemente do que ocorre na pecuária, não há tendência de queda das cotações nos próximos meses. O Brasil enfrentou problemas climáticos duas safras seguidas, o que limitou parte do potencial produtivo. Com isso, a oferta desses produtos está bastante ajustada à demanda e deve apertar as margens operacionais dos pecuaristas no ano que vem. A safra de verão (1ª safra 2021/2022) não será ampla em milho porque a área de soja vai crescer muito. Então, só haverá uma quantidade maior do cereal entrando na 2ª safra de 2022.

Ainda é cedo para avaliar o tamanho da 2ª safra de milho de 20211. Nos próximos meses, a indústria de rações também terá que disputar grão a grão com a China, que tem a remuneração em dólar a seu favor. Conforme o plantel de suínos do país asiático se recupera, agora com um perfil mais tecnificado, haverá aumento na demanda por grão. A seca também afetou a qualidade das pastagens e forçou os pecuaristas a diminuírem a taxa de lotação, o que também dificulta o manejo de gado a pasto. Com rações mais caras e o boi gordo em queda, é possível que os pecuaristas diminuam o volume de bovinos confinados no ano que vem. O pecuarista precisa se planejar e utilizar soluções como hedge para se proteger de oscilações no mercado. A volatilidade vista hoje na pecuária requer gestão de risco eficiente e informação bem trabalhada. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.